O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) registrou 12.906 incêndios na Amazônia entre janeiro e julho, um aumento de 14% em relação ao mesmo período de 2021. Somente em julho, foram mapeados 5.373 pontos de queimadas na região. No Cerrado brasileiro, os números também são preocupantes: um total de 17.582 incêndios foram detectados nos primeiros sete meses do ano, uma queda de 6% em relação ao ano passado e 24% acima da média de 10 anos.
Além do foco de incêndio, a área queimada também aumentou. Nos primeiros seis meses deste ano, os incêndios na Amazônia afetaram 7.625 quilômetros quadrados, um aumento de 53% em relação ao primeiro semestre de 2021.
Somente em julho, foram registrados 5.373 focos de incêndio, um aumento de 8% em relação ao mesmo mês do ano passado. Em relação às áreas afetadas, o instituto ainda não consolidou os dados do mês anterior. Mas em junho, os incêndios atingiram o Cerrado de 11.701 quilômetros quadrados, um aumento de 16% em relação a junho do ano passado. Essa época do ano marca o início do verão amazônico e da estação seca no Cerrado, com menos chuvas e menor umidade, o que favorece a propagação das queimadas. Estas condições meteorológicas tendem a durar até o final de outubro.
O Greenpeace realizou sobrevoos no sul do Amazonas e no norte de Rondônia para monitorar desmatamento e queimadas na Amazônia em julho de 2022 (Foto: Christian Braga / Greenpeace)
Para entidades comprometidas com a proteção do meio ambiente, a ação pública não é suficiente para combater o desmatamento. Edegar de Oliveira, diretor de conservação e restauração do WWF Brasil, disse que os grandes incêndios foram resultado de uma “falta de ações concretas de controle” na Amazônia e em outros biomas.
“Este é só inicio do verão amazônico, estação com menos chuvas e umidade, quando infelizmente a prática de queimadas e incêndios florestais criminosos explode, seja para queimar as áreas que foram derrubadas recentemente e deixadas para secar ou mesmo queimando áreas de florestas que já foram degradadas pela extração ilegal de madeira, por exemplo. Toda essa destruição e esse fogo, além de dizimar a floresta e a sua rica biodiversidade, também afetam a saúde da população local por conta da fumaça e da fuligem geradas”, comenta Rômulo Batista, porta-voz da Amazônia do Greenpeace Brasil.
O voo realizado pelo Greenpeace Brasil, sobre a área afetada, descobriu que, além de muitos incêndios, eles estavam começando a se espalhar por uma grande quantidade de áreas contínuas. O porta-voz da entidade, Rômulo Batista, ressaltou que 90% do desmatamento é usado para expandir a agricultura e a pecuária no país.
“Os altos números de queimadas representam a falta de ações concretas de controle, tanto para a Amazônia quanto para os demais biomas. Importante salientar que embora o aumento percentual no Cerrado tenha sido menor que na Amazônia, a área queimada é maior e em níveis muito elevados, muito preocupante para um bioma que tem área igual a metade da Amazônia”, afirma Edegar de Oliveira, diretor de conservação e restauração do WWF-Brasil. “Este bioma já perdeu mais de 50% da vegetação original e continua sofrendo pressão de várias frentes, impactando diretamente nos níveis de água do País e na perda das espécies únicas da região.”
O Greenpeace destacou também que o aumento do número de focos de incêndios florestais é reflexo da não fiscalização administrativa e legislativa por parte do governo e entidades responsáveis.
Foto Destaque: Christian Braga / Greenpeace