Em uma cena que emocionou todo o mundo, Mesut Hancer, nesta terça-feira (7), segura a mão de sua filha morta, Imak, de 15 anos, que está inerte entre duas placas de concreto, na cidade de Kahramanmaras, na Turquia. Decorrentes da falta de ajuda às vítimas do terremoto que deixou milhares de mortes no local, sentimentos como dor e revolta se alastram entre os indivíduos.
No momento, Kahramanmaras, que é o epicentro do terremoto de 7,8 de magnitude, classificado como o mais forte desde 1993, está em ruínas. Ele teve início na segunda-feira (6) e abalou o sul e o sudeste do país.
Fotografia dos escombros deixados pelo terremoto de magnitude 7,8 na Turquia (Reprodução/CNN)
Até esta terça, não havia chegado nenhuma ajuda ou suprimentos à cidade, que conta com mais de um milhão de habitantes, e é localizada no sul da região da Capadócia. Os moradores de Kahramanmaras, bem como aqueles que residem em Antioquia, mais no sul, próximo à Síria, acumulam ressentimentos e frustrações com a ausência de presença e atitudes do Estado.
Ao todo, oito prédios do conjunto Ebrar, no centro de Kahramanmaras, desabaram sobre si mesmos. O abalo sísmico aconteceu durante a madrugada e, por isso, poucos dos que dormiam conseguiram sair a tempo de seus apartamentos, cerca de dez deles para cada construção.
Fotografia dos escombros deixados pelo terremoto de magnitude 7,8 na Turquia (Reprodução/CNN)
Há dois dias, Ali Sagiroglu, um dos moradores, está à espera por reforços, ainda na esperança de ver seu irmão e seu sobrinho, que estão presos nos escombros de seu prédio.
“Onde está o Estado? Onde estão? Olhe ao seu redor. Não tem um único funcionário, pelo amor de Deus. Já se passaram dois dias, e não vimos ninguém. Não trouxeram nem um único tijolo. As crianças morreram congeladas“, disse Ali.
Fotografia dos escombros deixados pelo terremoto de magnitude 7,8 na Turquia (Reprodução/CNN)
Após a primeira catástrofe, na noite de segunda, uma nevasca misturada com chuva torrencial acabou envolvendo os sobreviventes em um frio unido. Àqueles que tinham carros pernoitaram no veículo e, enquanto isso, outros se amontoaram em torno de braseiros nas ruas.
Um homem de 40 anos que procurou ajuda e pediu para não ser identificado disse que ainda era possível, na manhã de segunda-feira, ouvir vozes pedindo por ajuda nos escombros. Depois de um tempo, no entanto, elas se calaram. O sobrevivente palpitou que “as pessoas provavelmente morreram congeladas” e que, pelo menos, 150 pessoas ficaram presas em cada prédio.
Foto destaque: fotografia de Mesut Hancer segurando a mão de sua filha já morta na Turquia. Reprodução/g1.