Pando: animais herbívoros ameaçam a sobrevivência do maior ser vivo do mundo

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A National Geographic indica que o maior organismo da Terra se estende por 42 hectares, área que equivale a quase 60 campos de futebol.

Pando (“eu espalho”, em tradução literal no latim) é o nome de uma colônia vegetal no estado de Utah, Estados Unidos, que pode ser confundido facilmente como floresta comum de árvores independentes mas, na verdade, é somente um indivíduo milenar da espécie álamos-trémulos (Populus tremuloides). Normalmente álamos-trémulos atingem somente 4 mil metros quadrados.

O estudo da revista Conservation Science and Practice, publicado no último dia 8 de setembro, revelou que o pastoreio de animais herbívoros, veados e gados em menor grau, tem prejudicado e reduzido o crescimento de Pando. O professor Paul Rogers, autor da pesquisa e diretor da organização Western Aspen Alliance, relata que vem monitorando-o a 5 anos, e o organismo de Utah possui 47 mil álamos-trémulos conectados por uma raiz.

Rogers explica que as arvores componentes do Pando envelhecem e agora não são repostas por novos brotos, devido a ação dos animais introduzidos pelo homem na região, o que está acarretando uma morte lenta para a floresta de álamos.


Floresta de álamos-trémulos, o organismo Pando durante a primavera (Foto: Reprodução/Getty Images)


Medidas de proteção já foram tomadas, cercas levantadas em torno de 16% do organismo, mas Paul Rogers, em nova inspeção de saúde da floresta, constatou que a cerca foi reerguida recentemente após ter caído em um terço de sua extensão, o que não ajudou a aumentar o nível de arvores novas em relação as mais velhas e moribundas.

Atualmente, 50% das áreas não tem cercas, o que deixa caminho livre para os animais consumirem os brotos novos, impedindo o rejuvenescimento do álamo-trémulo e deixando o solo sem a cobertura vegetal que o protegia da luz solar intensa.

“Acho que, se tentarmos salvar o organismo apenas com cercas, nos veremos tentando criar algo como um zoológico na natureza”, diz Rogers, que alerta para as zonas atingidas que estão mudando: os locais cercados têm um declínio mais rápido, enquanto os demais estão tomando seus próprios cursos.

A preocupação maior é em como essa mudança vai afetar os ecossistemas próximos, porque com a lenta diminuição e morte do álamo-trémulo, as espécies como vegetações de mirtilos (Vaccinium myrtillus) e aves chapins (Poecile) serão prejudicadas, o que pode gerar um “efeito em cascata”.

Para Rogers, maior especialista no assunto, Pando, para sua então sobrevivência, necessita que o problema dos muitos cervos e do gado em sua região sejam resolvidos.

 

Foto destaque: Uma das entradas do organismo Pando. Reprodução/Lance Oditt/Amigos do Pando

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