Nesta segunda-feira (22), o atual presidente da república, Jair Bolsonaro, deu uma entrevista ao Jornal Nacional. O candidato tocou em assuntos como: sua abordagem ao momento de pandemia, suas declarações de tom conspiratório em relação à apuração dos votos e a situação econômica do país.
A maioria dos integrantes do núcleo interno da campanha de Bolsonaro viu a entrevista como positiva, já que o presidente adotou um tom menos agressivo do que o normal, tendo em vista que, conforme análises internas, a agressividade no discurso fazia com que perdesse popularidade.
Aos menos otimistas do núcleo, no entanto, não agradou a postura do presidente no ponto da pandemia e das urnas. A avaliação foi de que o candidato passou tempo demais se explicando sobre suas declarações recentes em relação ao sistema eleitoral. Outros integrantes do núcleo também viram como negativa, a falta de críticas à Lula.
Durante a entrevista, Bolsonaro adotou um tom mais moderado quando o assunto foram as urnas eletrônicas, mas, quando perguntado se aceitaria o resultado das eleições, o presidente foi ambíguo. “Serão respeitados os resultados das urnas, desde que as eleições sejam limpas e transparentes”, declarou Bolsonaro.
Quando as perguntas foram direcionadas à questão da pandemia, Bolsonaro afirmou que tomou as atitudes corretas, voltando a defender o que ele chama de “tratamentos precoces” – comprovadamente ineficazes, conforme a OMS – criticar a imprensa e falar sobre efeitos colaterais da vacina.
“A primeira vacina do mundo foi dada em dezembro de 2020. Em janeiro, nós já estávamos vacinando no Brasil. Então, fizemos a nossa parte. E o grande erro disso tudo foi um trabalho forte da grande mídia, entre eles a Globo, desestimulando os médicos a fazerem o tratamento precoce. Que isso é conhecido como uma liberdade do médico. Quando algo é desconhecido, como é até hoje desconhecido os possíveis efeitos colaterais da vacina, desaconselhar, inibir, ameaçar caçar o registro de médico, isso que foi errado feito durante a pandemia”.
Bolsonaro volta à sabatina no Jornal Nacional. (Foto: Reprodução/Rede Globo)
Ainda em relação à Covid-19, o candidato criticou o lockdown aplicado conforme às recomendações da OMS durante o pior período da pandemia. “Hoje, muitos países já falam que o lockdown foi um erro. Que as pessoas se contaminavam muito mais em casa do que nas ruas. O lockdown serviu, sim, para atrapalhar a nossa economia e contaminar mais as pessoas em casa”.
Próximos entrevistados: Ciro Gomes (PDT) será entrevistado nesta terça-feira (23), Lula (PT) na quinta-feira (25) e Simone Tebet (MDB) na sexta-feira (26). Os convites foram feitos aos cinco candidatos mais populares na pesquisa do Datafolha divulgada em 28 de julho. André Janones (Avante), que seria o quinto, retirou sua candidatura.
Última pesquisa Datafolha: Na última pesquisa do Datafolha, divulgada em 18 de agosto, Bolsonaro aparece em segundo lugar no primeiro turno, com 32% das intenções de voto. Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece em primeiro, com 47%.
Foto Destaque: Bolsonaro é o segundo em intenções de voto do primeiro turno. Reprodução/Rede Globo