A Polícia Civil do Rio encontrou na última sexta-feira (8), trabalhadores em uma situação a qual o Ministério Público do Trabalho (MPT) descreve como análoga á escravidão, em uma fábrica de cigarros no bairro Duque de Caxias, no Rio de Janeiro.
Ao todo eram 24 trabalhadores, sendo 23 paraguaios e um brasileiro. Todos prestaram depoimento.
Os estrangeiros saíram da capital Assunção e viajaram de ônibus até São Paulo atraídos pela promessa de trabalhar em uma fábrica de roupa com o salário de R$ 3 mil por mês e mais R$ 500 de vale alimentação.
Depois vieram em outro ônibus até o Rio. Eles contam que tiveram os celulares confiscados e precisaram vendar os olhos durante a viagem.
A venda só foi retirada quando os trabalhadores chegaram ao galpão. A porta foi fechada e eles receberam ordem de que não poderiam ir até a rua, já que a mesma era monitorada.
Fábrica clandestina de cigarros localizada em Duque de Caxias, RJ. (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/G1)
Sem saber ao certo a data e sem poder falar com a família, durantes os 3 meses em que ficaram na fábrica, só receberam cerca de R$ 500 e dormiam no segundo andar do galpão, em um cômodo sem janelas.
De acordo com relatos, a jornada de trabalho começava às 19h e encerrava às 7h. Alguns choravam com saudades da família.
Segundo a procuradora Guadalupe Louro Turos Couto, do MPT, os bens apreendidos na fábrica poderão ser leiloados e a renda será revertida para o pagamento das indenizações. “O Ministério Público do Trabalho vai exigir o pagamento de todos os direitos trabalhistas não honrados durante todo esse período e também uma indenização por dano moral causado, sofrido, por toda essa situação neste trabalho de análogo de escravo”.
Na manhã de sábado (9), a Polícia Civil retirou o maquinário da fábrica clandestina de cigarros. Os equipamentos serão levados para a Cidade da Polícia, CIDPOL, na Zona Norte.
Os trabalhadores também estiveram no local para recolher objetos pessoais. Vinte e dois deles serão levados de avião para casa, com exceção de Osvaldo Aguero Gimenez que tem mandado de prisão por tráfico de drogas expedido pelo então Juíz Sérgio Moro. As passagens serão custeadas pelo Consulado do Paraguai.
Os crimes cometidos pelos donos da fábrica redução de trabalhador à condição análoga a de escravo e falsificação. Eles estão sendo investigados e ainda não foram identificados.
Foto destaque: Maquinário sendo retirado da fábrica clandestina de cigarros. (Reprodução/Arquivo Pessoal/G1)