Pesquisa revela redes urbanas do período pré-colonial na Amazônia

Bernardo Muniz Por Bernardo Muniz
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Pesquisadores da Alemanha descobriram “cidades” na Amazônia boliviana que datam do período pré-colonial. A nova descoberta foi detalhada em estudo publicado na Revista Nature, na última quarta-feira (25).

De acordo com os cientistas, os locais são definidos como “assentamentos urbanos de baixa densidade”. No total, são dois grandes assentamentos e outros 24 de menor tamanho. Desse todo, 11 não eram conhecidos.

Os lugares encontrados são da cultura Casarabe, que se espalhou pela parte boliviana da Amazônia entre os anos de 500 e 1400 d.C. Antes do estudo, somente havia sinais de locais isolados, já que, por conta da densa vegetação, o mapeamento de florestas tropicais é dificultado.

A descoberta foi feita a partir do uso de uma tecnologia chamada “LiDAR”, um mapeamento a laser aéreo que dispara infravermelhos de um objeto no ar, como um avião, helicóptero ou drone, em direção à superfície e capturando os sinais refletidos.

Dessa forma, é possível remover virtualmente a vegetação da área capturada, sendo possível visualizar a arqueologia escondida abaixo das árvores.


Modelo 3D do assentamento de Cotoca obtido pelo escanamento LiDAR (Reprodução: Prümers et al/Nature)


Em comentário divulgado junto com o estudo, o arqueólogo Christopher T. Fisher, professor de antropologia na Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, afirmou que os dados “apontam para populações densas, paisagens geradas pelo homem, centros com arquitetura monumental e uma complexa hierarquia de assentamentos que podem ser indicativos de sociedades de nível de Estado”. A fala de Fisher contradiz percepções anteriores de que a região era habitada por populações pequenas e de desenvolvimento limitado. Vale lembrar que o estudioso não participou da pesquisa.

Os assentamentos encontrados contavam com uma arquitetura bem desenvolvida, com estruturas em forma de U e até pirâmides cônicas de 22 metros de altura. Além disso, a estrutura apresentava um sistema de gestão de água com canais e reservatórios.

Os dois maiores assentamentos foram batizados de Cotoca e Landívar. Os pesquisadores envolvidos no projeto afirmam que são “Centros primários na rede de assentamentos da cultura Casarabe – os principais de uma rede de assentamento regional conectada por calçadas retas ainda visíveis que saem desses locais em direção à paisagem por vários quilômetros”.

Em entrevista à própria Nature, o arqueólogo Jonas Gregorio de Souza, que não participou do estudo, afirmou que o achado é uma clara evidência de que havia sociedades urbanas nessa área da bacia Amazônica.

 

Foto destaque: Modelo 3D do assentamento de Cotoca. (Reprodução: H. Prümers/Nature)

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