PF e Marinha buscam jornalista e indigenista desaparecidos no Amazonas

Edson Barbosa Por Edson Barbosa
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A PF foi chamada para investigar o desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal Guardian, e do indigenista Bruno Pereira, membro da ONG Unijava e servidor em licença da Funai (Fundação Nacional do Índio). Eles viajavam pelo Vale do Javari, no Amazonas.

As entidades afirmam que o indigenista vinha sofrendo ameaças.
Segundo disse a Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari) e o Opi (Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato), o último registro que se tem dos dois aconteceu na manhã do domingo (5), na comunidade de São Rafael.

Tenho um filho de três anos e um de dois, só penso nesse momento que ele retorne bem, por causa dos meninos. Ele tem também uma filha de 16 anos. Ele precisa voltar para casa“, afirmou à Folha Beatriz de Almeida Matos, antropóloga e companheira de Bruno.

O que se sabe é que a Terra Indígena Vale do Javari tem sido frequentemente alvo de invasões de garimpeiros ilegais.

Eu conheço bem a região, sei que podem acontecer vários acidentes, mas estou apreensiva por causa das ameaças que ele sofria. Quero que todo o esforço possível seja feito para encontrar ele e o Dom. É importante rapidez“, completa ela, que também atuou com povos indígenas na região por muitos anos.


Os 2 estão desaparecidos desde domingo (5.jun) no Estado do Amazonas. Foto destaque: Reprodução


Segundo a Univaja e o Opi, Bruno e Dom retornavam do Lago do Jaburu, onde visitaram uma base da Funai, em direção a Atalaia do Norte, e pararam em São Rafael para uma reunião com um morador conhecido como “Churrasco” —conversaram com a esposa dele, já que ele não se encontrava no local.

Depois partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas. Assim, deveriam ter chegado por volta de 8h, 9h da manhã na cidade, o que não ocorreu“, diz um comunicado das instituições.

Enfatizamos que na semana do desaparecimento, conforme relatos dos colaboradores da Univaja, a equipe recebeu ameaças em campo. A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Univaja“, continua a nota.

As buscas no local já iniciadas. Nesta segunda-feira (6), o procurador-geral da República, Augusto Aras, se reuniu com o ministro da Justiça, Anderson Gustavo Torres para tratar do assunto.
Estão sendo feitas “varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde teria ocorrido o desaparecimento“, diz nota da PGR.

Também nesta segunda houve uma reunião entre integrantes do MPF (Ministério Público Federal) do Amazonas, Ministério da Justiça, Polícia Federal, Polícia Civil, Funai, Univaja e Marinha para tratar dos detalhes logísticos da operação daqui em diante.

Desde que tomou conhecimento, o MJSP [Ministério da Segurança e Segurança Pública] iniciou operações na região amazônica do Vale do Javari juntamente com a Marinha do Brasil“, afirmou a pasta nas redes sociais. O ministro Anderson Torres declarou, também nas redes, apoio às buscas.

A Marinha disse que enviou uma equipe de busca e salvamento na manhã desta segunda para Atalaia do Norte.
Segundo a Força, sete militares compõem a equipe, sendo que foram realizadas buscas nos rios Javari, Itaquaí e Ituí, no interior do Amazonas.

A Univaja já está fazendo incursões para buscar os desaparecidos desde o domingo. Segundo relatos obtidos por essas expedições, os dois foram vistos pela última vez na comunidade de São Gabriel, indo em direção a Atalaia do Norte.

A Funai destacou três servidores e mais dois agentes da Força Nacional para o caso e pretende aumentar o contingente. O MPF informou que instaurou um procedimento administrativo para apuração do caso e que a Marinha irá comandar as buscas na região por meio do Comando de Operações Navais.

Uma equipe de Busca e Salvamento (SAR), subordinada à Capitania Fluvial de Tabatinga foi direcionada ao local da ocorrência”, afirmou a Marinha.

A Polícia Federal disse que as diligências serão “divulgadas oportunamente“. Junto com a Polícia Civil, vai auxiliar o trabalho de inquérito, entrevistando pessoas da região em busca de informações sobre o paradeiro da dupla.

Policiais militares irão reforçar as buscas, segundo o governo estadual. “Estamos com uma equipe de busca em Atalaia do Norte, com integrantes da Polícia Militar e Polícia Civil. Estamos em reunião para planejar o envio de uma equipe especializada para Atalaia do Norte para auxiliar nas buscas“, afirmou o secretário de Segurança do Amazonas, general Carlos Alberto Mansur.

 

Foto destaque: Reprodução/Daniel Marenco/Agencia o Globo/@domphillips no twitter

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