Poema inédito escrito por Mario Quintana é descoberto

Leo Costa Por Leo Costa
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Uma descoberta a respeito da nossa literatura ocorreu na quinta-feira, 20, no Rio Grande do Sul. Um poema inédito sob a assinatura de Mario Quintana foi encontrado por um livreiro na cidade de Porto Alegre. George Augusto, livreiro, encontrou o manuscrito intitulado “Canção do Primeiro do Ano” dentro de um livro do poeta, adquirido em uma coleção particular sendo composta por mais de 5 mil volumes.

O texto, já amarelado, contém a assinatura de Mario junto à data, 1° de Janeiro de 1941. George e Antônio Hohlfeldt, professor e diretor do Theatro São Pedro, analisaram a grafia e compararam com outros registros da caligrafia de Quintana. Por ser uma escrita característica, não restou dúvida que se tratava de um documento original legítimo.

O livro junto ao poema foi encontrado há duas semanas e divulgado por Juliana Bublitz, colunista de GZH. O que chamou atenção no livro foram duas dedicatórias, repassado como presente a duas pessoas diferentes. George folheou o volume e encontrou o papel, dobrado, nas páginas.


Livreiro que comprou o acervo encontrou o poema que estava no livro de Quintana. (Foto: Reprodução/g1/Arquivo pessoal)


“Encontramos bilhetes de loteria, encontramos cartas, encontramos poemas de amor, encontramos poemas de desespero de um amor rompido , e podemos encontrar inclusive uma moeda de luar como esse poema do Quintana que foi efetivamente o que aconteceu, foi assim que se processou essa visita do anjo Quintana pra todos nos”, disse o livreiro.

Gilberto Schwartzmann, presidente da Associação de Amigos da Biblioteca Pública Estadual do RS, confirma a originalidade do documento e define esse poema como um “mistério”. O texto contém um formato como outras poesias escritas por Quintana, levando a crer que o autor trabalhava naquelas ideias para chegar a um resultado e ser publicado.

“Ver a grafia do próprio autor, no papel original, é uma coisa tão maravilhosa do ponto de vista de experiência humana, é como se a gente tivesse vendo um ser humano construindo arte, é diferente de ler um documento”, explica Schwartzmann.

A assoicação adquiriu o livro e o manuscrito, e estes serão doados ao acervo da biblioteca, em uma cerimônia a ser marcada. Uma exposição do poema está prevista na Casa de Cultura Mario Quintana, onde o poeta viveu. O lugar fica no Centro de Porto Alegre.

Segundo Schwartzmann, o valor histórico do poema é inestimável. “Quintana é uma pessoa muito importante na cultura brasileira, qualquer coisa que venha dele original tem grande importância pra nossa cultura como registro”, diz.

 

Canção do primeiro do ano

 

Pelas estradas antigas

As horas vêm a cantar.

As horas são raparigas,

Entram na praça a dançar.

 

As horas são raparigas…

 

E a doce algazarra sua

De rua em rua se ouvia.

De casa em casa, na rua,

Uma janela se abria.

 

As horas são raparigas

Lindas de ouvir e de olhar.

As horas cantam cantigas

 

E eu vivo só de momentos,

Sou como as nuvens do céu…

 

Prendi a rosa dos ventos

Na fita do meu chapéu.

Uma por uma, as janelas

Se abriram de par em par.

 

As horas são raparigas…

 

Passam na rua a dançar.

As horas são raparigas

Lindas de ouvir e de olhar.

 

As horas cantam cantigas

E eu vivo só de momentos,

Sou como as nuvens do céu…

 

Prendi a rosa dos ventos

Na fita do meu chapéu.

 

Uma por uma, as janelas

Se abriram de par em par.

 

As horas são raparigas

Foto destaque: Mario Quintana. Reprodução/Joveci C. de Freitas/AE

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