Nas ruas da Vila Belmiro, pela manhã de hoje (7), quem vê o bairro do litoral de São Paulo pode pensar que está em um cenário de guerra: carros e ônibus incendiados, estilhaços de vidro no chão, e sinais de confronto recente. Mas não foi nenhuma manifestação política, ou guerra civil. Foi o rebaixamento do Santos, num tumulto que envolveu até a polícia, a qual agora investiga o caso.
No conflito da noite desta quarta-feira (6) – logo após o fim do jogo entre Fortaleza e Santos – onze policiais ficaram feridos e duas viaturas foram sofreram danos. Segundo a Secretaria de Segurança de São Paulo (SSP-SP), eles foram acionados para conter atos de vandalismo de torcedores descontentes com o resultado (2×1), que rebaixou o time para a série B.
Ao fim da noite, já eram seis ônibus e quatro carros incendiados, pichação em grande escala, e danos na rede de eletricidade, além dos ataques contra policiais. As investigações da Polícia Civil ainda não conseguiram prender os atuantes, mas o evento já foi registrado como um caso de dano, lesão corporal, e incêndio no CPJ Santos, o qual deve ser extensivamente investigado.
Vila Belmiro amanheceu com lixos pelos arredores. (Foto:reprodução/Vanessa Medeiros/g1)
Sobre o caso
Estabelecendo uma breve linha do tempo, a confusão já começa de forma antecipada: os primeiros arremessos de pedras, coquetéis molotov, e outros objetos ocorreram antes mesmo da partida acabar.
Os alvos eram a Vila Belmiro em si e os policiais que já se encontravam no local. Em resposta, foi utilizado gás de pimenta e bombas de efeito moral para conter a situação. Com a intensificação da violência, foi acionada a cavalaria da Polícia Militar, que chegou ao local para reforçar a segurança com a assistência de helicópteros.
Assim ocorreram os diversos incidentes nos arredores do estádio, dos automóveis incendiados até a queda da energia elétrica após um dos veículos em chamas ter afetado a fiação que serve para distribuir a rede da CPFL Piratininga, responsável pela energia na cidade, que ainda não voltou em algumas regiões.
“Na madrugada, equipes da companhia apoiaram o Corpo de Bombeiros no local,” a companhia informou. “Os trabalhos estão sendo retomados nesta manhã, para os reparos necessários nas estruturas afetadas.”
Muro do Centro de Treinamento (CT) dos Meninos da Vila, pixado com a frase, “time sem vergonha”. (Foto:reprodução/g1)
“Time sem vergonha”
Os casos de pichação, muitos com a frase “time sem vergonha” ou variações – como ocorreu no muro do Centro de Treinamento (CT) dos Meninos da Vila – demonstram a origem da violência presenciada: a decepção com o resultado, que marca a primeira vez que o Santos é rebaixado.
Não é, no entanto, a primeira vez que atos desse tipo são cometidos pela torcida do esporte. O caso atual ecoa um passado de vários incidentes causados pelas torcidas organizadas, de brigas até mortes decorrentes, muitos casos nos quais a polícia não estava preparada para a confusão.
Foto Destaque: Policiais tiveram dificuldade em conter a stiuação na Vila Belmiro, onde carros e ônibus foram queimados. (Reprodução/Guilherme Dionízio/Estadão)