A vice-presidente do Parlamento Europeu Eva Kaili, de 44 anos, foi indiciada e presa, neste último domingo (11), na Bélgica, por uma investigação sobre corrupção relacionada ao Catar, país-sede da Copa do Mundo de 2022. Segundo uma fonte judicial à Agence France-Press (AFP), junto à eurodeputada, outras três pessoas também foram presas.
Segundo a fonte, que optou pelo anonimato, Eva, que também é ex-apresentadora de TV, não pôde fazer uso do benefício da imunidade parlamentar já que foi presa em flagrante delito. As informações da imprensa, nas quais a deputada teria transportado “sacolas de notas”, na noite de sexta-feira (9), quando foi detida pela polícia belga, também foram confirmadas por ela.
O promotor federal anunciou, em seguida, que foi realizada, na noite deste sábado (10), uma busca na casa de um outro eurodeputado, Marc Tarabella, de 59 anos. A residência de Eva, em Bruxelas, na Bélgica, também foi revistada.
O comissário de Economia do bloco europeu, Paolo Gentiloni, disse que o caso, ‘vergonhoso e intolerável’, constituiu ‘um ataque grave à reputação’ dessa instituição da União Europeia (UE). “Caso se confirme que alguém recebeu dinheiro para tentar influenciar a opinião do Parlamento Europeu, acredito que será um dos casos de corrupção mais dramáticos dos últimos anos”, disse ele.
No caso em questão, “suspeita-se de pagamento de somas substanciais de dinheiro ou presentes significativos a terceiros com posição política e/ou estratégica dentro do Parlamento Europeu para influenciar decisões”, assinalou a procuradoria federal.
O ex-parlamentar Pier-Antonio Panzeri, de 67 anos, e o secretário-geral da Confederação Sindical Internacional (ITUC) Luca Visentini, de 53 anos, ambos italianos, estavam entre os seis suspeitos detidos na sexta-feira. Além disso, de acordo com a imprensa belga, até mesmo o pai de Eva foi localizado com uma mala que tinha uma grande quantia em dinheiro.
Esse escândalo eclodiu no meio de um dos maiores eventos esportivos do mundo, a Copa do Mundo, que está sendo realizado no Catar. O país-sede da competição está lutando contra as milhares de acusações de desrespeito aos direitos humanos dos migrantes que trabalharam na construção dos estádios. No início de novembro, Eva viajou ao Catar e elogiou, ao lado do ministro do Trabalho do Catar, as reformas dele neste setor.
Eva Kaili junti ao ministro do Trabalho no Catar (Reprodução/Político)
Por fim, a presidente da Eurocâmara, Roberta Metsola, decidiu, no sábado à noite, colocar uma primeira sanção contra Eva, além de destituí-la das funções que havia delegado. Uma delas era, inclusive, representá-la na região do Oriente Médio. No dia anterior, na sexta-feira, os deputados europeus de esquerda pediram a renúncia de Eva do partido socialista grego, Pssok-Kinal.
Foto destaque: a ex-eurodeputada Eva Kaili (Reprodução/Político)