Possível surgimento de “Super El Niño” pode resultar em temperaturas até 2,5°C acima da média

Kais Husein Por Kais Husein
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A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) anunciou hoje que as condições necessárias para o desenvolvimento do fenômeno El Niño foram oficialmente verificadas.

A manifestação desse evento climático era largamente antecipada. Especialistas estão especulando que ele poderia até mesmo se transformar em um El Niño de magnitude excepcional, conhecido como Super El Niño.


Padrão de aquecimento da superfície do Pacífico desde janeiro a maio. — Foto: NOAA Climate.gov


Emily Becker, cientista do clima e porta-voz da NOAA, divulgou a confirmação da presença do fenômeno El Niño. De acordo com Becker, há uma probabilidade de 56% de que o El Niño se torne um evento forte em seu ápice, enquanto as chances de ocorrer pelo menos um evento moderado são estimadas em cerca de 84%.

Emily Becker ressaltou que, apesar do desenvolvimento das condições para o El Niño, ainda existe uma pequena probabilidade de que essas condições se dissipem, variando de 4% a 7%. Ela enfatizou que, embora seja considerado improvável, ainda não é impossível que o fenômeno não se concretize.

Michelle L’Heureux, chefe do escritório de previsão de El Niño da NOAA, mencionou que o fenômeno se desenvolveu dois meses mais cedo do que a maioria dos outros El Niños anteriores. Além disso, L’Heureux destacou que ainda existem possibilidades de crescimento do evento. De acordo com as estimativas, há uma probabilidade de 25% de ocorrer um Super El Niño.

O fenômeno El Niño é considerado um dos fatores que pode ter influência nas projeções de recordes de temperaturas nos próximos quatro anos. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), existe uma probabilidade de 66% de que a média anual de aquecimento ultrapasse 1,5°C entre os anos de 2023 e 2027. Essa previsão ressalta a preocupação com o aumento das temperaturas e os potenciais impactos das mudanças climáticas.

O que é o El Niño?

O El Niño e o La Niña são dois fenômenos climáticos associados ao aquecimento e resfriamento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. Eles desempenham um papel crucial na regulação dos padrões climáticos globais.

O El Niño ocorre quando há um aquecimento anormal das águas do Pacífico Equatorial, resultando em um enfraquecimento dos ventos alísios e uma redistribuição do calor ao redor do planeta. Isso leva a mudanças nos padrões de vento e nas correntes oceânicas, afetando o clima em diferentes regiões do mundo.

Durante um evento de El Niño, áreas que normalmente são mais secas podem experimentar um aumento das chuvas, enquanto regiões que são normalmente úmidas podem enfrentar condições mais secas. Essas alterações nos padrões de chuva têm impactos significativos na agricultura, recursos hídricos e ecossistemas em várias partes do globo.


El Niño e La Niña — Foto: Arte g1/Luisa Rivas


Por outro lado, o La Niña é caracterizado por um resfriamento anormal das águas do Pacífico Equatorial. Isso resulta em um fortalecimento dos ventos alísios e uma maior estabilidade das condições climáticas. Durante um evento de La Niña, áreas que geralmente são úmidas podem experimentar um aumento nas chuvas, enquanto regiões que normalmente são secas podem enfrentar condições ainda mais secas.

Esses fenômenos, El Niño e La Niña, têm um ciclo natural e ocorrem em intervalos irregulares de 2 a 7 anos. Eles podem persistir por vários meses a cerca de dois anos, com um desenvolvimento típico entre abril e junho, atingindo o pico entre outubro e fevereiro. Seus efeitos são monitorados de perto por organizações como o International Research Institute for Climate and Society, a fim de entender melhor seus impactos no clima global e fornecer previsões mais precisas.

Foto destaque: Quando o El Niño está ativo a água do oceano na zona equatorial está mais quente — Foto: William Patzert/Divulgação

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