Quase metade das mulheres do Brasil sofreu assédio em 2022 de acordo com Datafolha

Nathália Siqueira Por Nathália Siqueira
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Em pesquisa do Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e divulgada nesta quinta-feira (02), cerca de 46,7% das mulheres brasileiras sofreram algum tipo de assédio sexual no ano passado. Este é o índice mais alto desde que a anuidade da pesquisa começou, em 2017. Comparados com o ano de 2021, ocorreu um aumento de 9 pontos percentuais nas ocorrências de assédio.

Dentre outros dados obtidos, o que mais choca é a porcentagem da faixa etária das mulheres mais assediadas, sendo 76,1% das jovens de 16 a 24 anos. Além disso, 41% das mulheres entrevistadas alegaram terem sido assediadas andando na rua; 18,6% no trabalho; 12,8% no transporte público; 11,2% foram agressivamente abordadas em baladas ou festas; 8% foram agarradas e/ou beijadas sem o consentimento; 7,4% foram assediadas em carros de aplicativos de carona; e 6,2% sofreram tentativa de aproveitamento enquanto estavam alcoolizadas. 


Dados completos da pesquisa de assédio sexual realizada pelo Datafolha (Reprodução/O Globo)


Quanto ao grau de escolaridade das entrevistadas, a discrepância entre as porcentagens de mulheres com ensino fundamental e mulheres com ensino superior, pode estar relacionada a diferença na compreensão do que é assédio, conforme o levantamento. Geralmente, as que já passaram, ou se encontram em uma instituição de ensino fundamental, estão mais engajadas e compreendem que o assédio vai muito além de apenas toques físicos.

De acordo a coordenadora institucional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Juliana Martins, a redução do financiamento das políticas de enfrentamento à violência contra a mulher é um considerável fator para o aumento dos dados. Além de que, a ascensão da extrema direita também colabora para isso, já que temas como a desigualdade de gênero são combatidos por esta.

Entre outros dados da pesquisa que valem a pena destacar, estão o percentual de 29,9% de mulheres negras assediadas, um número maior do que as brancas (26,3%). As separadas ou divorciadas (41%) também sofrem mais do que as casadas (17%), solteiras (37,3%) e viúvas (24,6%).

Quanto a violência doméstica, mais da metade (53,8%) das mulheres descrevem o episódio mais grave ocorrido em 2022, como tendo sido dentro da própria casa. Outro levantamento preocupante é o dia 45% das mulheres que não denunciaram os assédios sofridos, apenas 22,5% fizeram a denúncia em alguma delegacia, seja a da mulher ou a comum.

 

Foto destaque: representação do assédio por uma mulher sufocada por mãos masculinas. Reprodução/Freepik

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