Reino Unido adota medida de saúde utilizada pelo SUS

Beatrys Felipe Por Beatrys Felipe
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Em uma iniciativa inovadora, agentes de saúde no Reino Unido estão adotando um modelo brasileiro para promover cuidados preventivos e melhorar a saúde da população. Inspirados pelo sucesso alcançado nas regiões mais pobres do Brasil, esses profissionais realizam visitas domiciliares em Churchill Gardens, localizado no bairro de Pimlico, em Londres.

Conhecidas como Comfort e Nahima, duas das quatro agentes de saúde envolvidas no projeto-piloto, vestem blusas de lã azuis e sobem constantemente as escadas de concreto de cada prédio dos quarteirões onde trabalham. Ao interagir com os moradores, elas oferecem assistência médica e social, abordando desde problemas habitacionais até a detecção precoce de doenças como diabetes.

A inspiração para essa abordagem veio do sistema de saúde brasileiro, mais especificamente do Sistema Único de Saúde (SUS), que já provou seu valor ao longo das últimas décadas nas regiões de baixa renda do país. Os resultados alcançados por lá foram impressionantes, incluindo uma redução de 34% nas mortes por doenças cardiovasculares.

A eficácia do projeto-piloto no Reino Unido já está se mostrando promissora. Dados processados pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do país revelaram que as residências que receberam visitas regulares tiveram 47% mais chances de aceitar vacinas e 82% mais probabilidade de realizar exames de rastreamento de câncer em comparação com áreas não atendidas.

A ideia de importar esse modelo brasileiro partiu de Matthew Harris, especialista em saúde pública do Imperial College London, que trabalhou como clínico-geral no Brasil por quatro anos. Harris destaca que o sucesso do Brasil se deve ao escalonamento desse papel, com 270 mil agentes comunitários de saúde atuando em todo o país, cada um cuidando de 150 famílias e realizando visitas mensais.

Além dos benefícios diretos para a saúde da população, a abordagem também tem o potencial de economizar recursos no futuro. A implantação do modelo em todas as áreas mais carentes da Inglaterra, por exemplo, custaria cerca de 300 milhões de libras (aproximadamente R$ 1,8 bilhão), segundo o Imperial College.

O sucesso do projeto-piloto em Churchill Gardens tem despertado interesse em outras áreas do Reino Unido. Esquemas semelhantes já foram implementados em locais como Calderdale, West Yorkshire, Warrington e Cheshire, por meio de redes locais de atenção primária. Partes de Norfolk e da Cornualha também estão interessadas em seguir o exemplo.


 

Médica Connie Junghans-Minto relata sobre os benefícios desse novo procedimento. (Foto:reprodução/BBC).


A médica Connie Junghans-Minton, que atua em uma unidade de saúde de Pimlico, destaca a importância dos agentes comunitários de saúde como os “olhos e ouvidos” da comunidade. Segundo ela, esses profissionais têm descoberto problemas médicos reais que, de outra forma, não chegariam ao conhecimento dos médicos clínicos-gerais. A iniciativa tem se mostrado um grande avançao para a área da saúde.

 

Foto destaque: Agente de saúde Nahima, fazendo realizando as visitas domiciliares. (Foto:reprodução/BBC.)

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