Relatório da ONU revela aumento nos casos de suicídio entre mulheres afegãs

Ana Júlia Silveira Por Ana Júlia Silveira
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A crise humanitária no Afeganistão continua a aprofundar-se à medida que o país marca o segundo aniversário da tomada do poder pelo Talibã. Segundo um relatório alarmante da ONU, a situação das mulheres afegãs está se deteriorando rapidamente, com pelo menos uma mulher tirando a própria vida todos os dias, evidenciando o grave impacto da ascensão do grupo extremista ao poder.


Talibã completa dois anos da retomada de poder no Afeganistão (Vídeo: reprodução/YouTube/CNN Brasil)


Dorothy Estrada-Tanck e Richard Bennett, pesquisadores da ONU, divulgaram um relatório devastador que revela um aumento alarmante nos casos de suicídio entre mulheres e meninas afegãs. A discriminação institucionalizada com base no gênero atingiu um nível sem precedentes no país, de acordo com os especialistas. Eles afirmaram que a situação é tão extrema que não encontra paralelos em nenhum outro lugar do mundo.

Taxa de suicídio no Afeganistão 

Enquanto globalmente os suicídios são mais comuns entre homens, a realidade no Afeganistão é uma inversão preocupante. Cerca de 80% dos casos de suicídio no país são mulheres, uma estatística chocante que sublinha as dificuldades enfrentadas por elas em uma sociedade onde os direitos das mulheres são cada vez mais esmagados.

Uma análise conduzida pelo periódico médico “The Lancet” em 2022 revelou que, embora a taxa de suicídios já fosse alta antes da ascensão do Talibã, o grupo extremista exacerbou a situação. A violência contra as mulheres, casamentos forçados, falta de educação sobre os direitos das mulheres, trauma decorrente de conflitos e práticas culturais prejudiciais foram identificados como fatores significativos que alimentam essa disparidade.

Mulheres afegãs desafiam restrições do Talibã

Desde que o Talibã assumiu o controle, as mulheres enfrentam restrições cruéis. Elas são forçadas a usar vestimentas que as cobrem dos pés à cabeça, proibidas de frequentar escolas secundárias e universidades, e impedidas de viajar sem a presença de um parente do sexo masculino. O grupo também proibiu mulheres de diversas áreas de trabalho e restringiu sua presença em locais públicos.

Apesar das imposições, muitas mulheres afegãs têm resistido com coragem. Manifestações pacíficas contra as regras opressivas do Talibã têm ocorrido, mas os manifestantes enfrentam ameaças constantes, assédio, detenções arbitrárias e até tortura.

 

Foto Destaque: Mulher afegã com o rosto todo coberto. Reprodução/Getty Images/BBC Brasil

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