A recente análise da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) ressalta os obstáculos econômicos enfrentados pelos palestinos ao longo de 2022, apontando a ocupação israelense como um dos principais fatores desse cenário desafiador. O relatório destaca que a economia palestina continuou a operar aquém de suas capacidades devido a crescentes tensões políticas, a persistente dependência da potência ocupante, Israel, e a estagnação do processo de paz.
16 anos de “anti-desenvolvimento” em Gaza
A Faixa de Gaza é descrita no relatório como tendo enfrentado 16 anos de estagnação econômica e supressão de seu potencial humano e direito ao desenvolvimento.
O relatório também aborda os impactos econômicos da guerra entre Israel e o grupo Hamas, destacando a dificuldade em quantificar esses impactos no momento. Embora o Produto Interno Bruto (PIB) palestino tenha crescido 3,9% em 2022, o PIB real per capita ainda estava 8,6% abaixo do nível pré-pandemia de 2019.
A taxa de desemprego continua sendo um desafio significativo, atingindo 24% no Território Palestino Ocupado, que engloba a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. A Cisjordânia teve uma taxa de desemprego de 13%, enquanto Gaza enfrentou um nível alarmante de 45%, afetando principalmente mulheres e jovens.
Busca por empregos em Israel e assentamentos
Devido à escassez de empregos locais, muitos palestinos procuram oportunidades em Israel e em assentamentos israelenses, onde os salários são mais atrativos. No entanto, uma parcela significativa dos ganhos é absorvida por taxas e impostos, representando 44% dos salários brutos e minando os benefícios do trabalho em Israel.
A Unctad adverte que a dependência excessiva de empregos precários em Israel e nos assentamentos israelenses torna a economia palestina suscetível a choques em um ambiente marcado por crises frequentes.
Aumento da pobreza e disparidades econômicas
O relatório também destaca o aumento da pobreza em 2022, com 40% da população palestina necessitando de assistência humanitária. Apesar de terem se passado três décadas desde os Acordos de Oslo, a convergência econômica esperada entre os palestinos e Israel continua bloqueada pelas políticas de ocupação, resultando em uma disparidade significativa.
Com a guerra, os palestinos passaram a viver uma situação econômica crítica. (Foto: Reprodução/Mohammed Sallem/Reuters/CNN)
Atualmente, o PIB per capita palestino representa apenas 8% do PIB per capita israelense. A situação econômica dos palestinos permanece desafiadora, destacando a necessidade premente de soluções políticas para abordar essas questões em curso.
Foto destaque: Palestinos, segundo Unctad, viverão 16 anos de anti-desenvolvimento em Gaza. Reprodução/Michelle Ratto/Le Monde.