Retrospectiva de 2022; os acontecimentos mais marcantes do ano

Luísa Giraldo Por Luísa Giraldo
13 min de leitura

O ano de 2022 marcou a volta de uma vida social agitada com a retomada de eventos presenciais, como shows, festas e feiras e a presença massiva de pessoas nas ruas, restaurantes e ambientes públicos. Além disso, foi um ano repleto de acontecimentos políticos marcantes como as eleições presidenciais no Brasil, a Copa do Mundo de 2022, realizada em um país que não respeitou os direitos humanos e, até mesmo, a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

No início do ano, em 20 de janeiro, a cantora e compositora Elza Soares morreu, aos 91 anos, às 15h45, no Rio de Janeiro. A equipe de Elza publicou uma nota dando a notícia que a artista havia morrido de causas naturais, em sua casa, no Rio. A publicação homenageou a trajetória de Elza, que foi eleita como a “Voz do Milênio” e considerada um ícone da música brasileira para muitos.

Logo após o primeiro mês do ano, o mundo entrou em estado de tensão com o início da guerra da Ucrânia, em 24 de fevereiro, quando a Rússia começou os ataques ao território ucraniano. Em um deles, a capital do país, Kiev, foi bombardeada e, desde então, foram feitas reuniões e moções na Organização das Nações Unidas (ONU). Passados dez meses desde o início das invasões e do estado de tensão internacional, ainda não há perspectiva de acabar – e nem mesmo de um acordo de paz, o que faz com que especialistas apontem o conflito como a maior crise humanitária na Europa em anos.


Bandeira ucraniana acenada em meio à destruição provocada pela guerra (Reprodução/CNN)


A artista brasileira Anitta, de 29 anos, em 25 de março, às 9h55, quebrou um recorde com a música “Envolver” na plataforma Spotify, que é a maior do mundo destinada à área. Com a canção em espanhol, a cantora alcançou o posto de música mais tocada na plataforma, alcançando mais de seis milhões de reproduções. Em março, “Envolver” esteve presente no Top 20 de todos os países da América Latina onde o Spotify está disponível.

O mês de abril, em seguida, trouxe consigo um carnaval repleto de surpresas e novidades. A Acadêmicos do Grande Rio, uma escola de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi, pela primeira vez, campeã do carnaval de 2022 no Rio de Janeiro, com o samba-enredo que homenageou Exu, uma divindade nas religiões de matriz africana que faz ponte entre os humanos e orixás. Em São Paulo, por outro lado, a escola que conquistou o título do Grupo Especial do Carnaval 2022 foi a Mancha Verde, que teve o samba-enredo “Planeta Água” com referências a Iemanjá e inspiração na canção do compositor Guilherme Arantes.

Apesar da folia e alegria carnavalesca no Brasil, abril foi um mês intenso para a política internacional. A política Giorgia Meloni, do partido conservador Irmãos da Itália (FdI), venceu as eleições e se consolidou como primeira-ministra na Itália. A última vez que a extrema direita liderou o país, que tem a terceira maior economia da União Europeia (UE), foi em 1945. Como uma das maiores economias do mundo, o resultado dessas eleições pode ter grande impacto na diplomacia e nas relações da Itália com outros países.


A primeira-ministra eleita na Itália Giorgia Meloni (Reprodução/Revista Voto)


Especialistas apontam que a origem do surto de Mpox, anteriormente conhecida por “varíola dos macacos”, aconteceu no dia 6 de maio, e veio de uma pessoa com ligações de viagem para a Nigéria, local onde a doença é endêmica. A partir do dia 18 daquele mês, uma crescente de casos parecidos foram relatados na Europa, América do Norte e do Sul, Ásia, África e Austrália. Mais tarde, no mês de julho, a Organização Mundial da Saúde (OMS), com mais de 20.864 casos confirmados, declarou o surto como uma Emergência de Saúde Pública de Âmbito Internacional.

Ainda no mês de julho, mais uma notícia no âmbito da diplomacia abalou o mundo. O, até então, primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, de 58 anos, renunciou, no dia 7 do mês, ao posto de líder do Partido Conservador, deixando o cargo que exercia no governo também. O premier, em seguida, agradeceu pelo seu mandato e o classificou como “incrível”.

Agosto, no entanto, chegou arrancando lágrimas e murchando as risadas dos brasileiros. O humorista Jô Soares morreu, aos 84 anos, no dia 5 de agosto, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Ele, que também era apresentador de televisão e dramaturgo, havia sido internado para tratar uma pneumonia em 28 de julho, mas não resistiu ao tratamento.

Mais tarde, em setembro, o mundo voltou, mais uma vez, às atenções ao Reino Unido com a notícia da morte da Rainha Elizabeth II, aos 96 anos de idade. A morte da majestade aconteceu no dia 8 de setembro e foi confirmada pelo Palácio de Buckingham às 18h10 no horário escocês. Foram, no total, 12 dias de intensa cobertura, da data do falecimento até o último dia do funeral, relacionados ao óbito dela e aos desdobramentos, como o início do reinado do Rei Charles III, que é o primogênito da monarca, e as mudanças no governo.


A morte da Rainha Elizabeth II (Reprodução/Uol)


No Brasil, setembro chegou com a retomada dos eventos presenciais em larga escala. Nos dias 2, 3, 4, 8, 9, 10 e 11, foi realizado o Rock In Rio 2022, no Parque Olímpico, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, a primeira edição do evento desde a pandemia da Covid-19. Alguns dos headliners do RIR deste ano foram Coldplay, Dua Lipa, Green Day, Guns N’ Roses, Iron Maiden e Post Malone

Em outubro, nos dias 2 e 30, os brasileiros foram às urnas, em uma das mais polarizadas eleições presidenciais que o país já enfrentou. O atual Presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já havia governado o Brasil duas vezes, disputaram a reeleição pela presidência, junto a outros novos candidatos. O presidente eleito, Lula, se consagrou, nestas eleições, como o mais votado na história do Brasil e Bolsonaro, por outro lado, foi o primeiro presidente a disputar uma reeleição que perdeu.

Em cenário internacional, aconteceram, a partir de outubro até meados de novembro, inúmeros ataques a obras de arte, como forma de protesto na Europa. A onda teve início em 14 de outubro, na Galeria Nacional de Londres, no Reino Unido, com ativistas que chamaram a atenção do mundo ao jogarem sopa de tomate no quadro “Girassóis” de Van Gogh e discursarem sobre questões sociais e ambientais. Em seguida, em várias localidades do continente europeu, as obras “Les Meules”, de Claude Monet, “A Moça do Brinco de Pérola”, de Johanes Vermeer, “A Maja Nua” e “A Maja Vestida”, de Francisco de Goya também foram atacadas.


Ativistas jogando sopa de tomate no quadro “Girassóis” de Van Gogh, no Reino Unido (Reprodução/The Guardian)


Em novembro, mesmo com a disponibilidade das vacinas, o mundo voltou a se preocupar com o crescente número de casos de Covid-19, principalmente na Europa. A variante BQ.1, uma das sublinhagens da Ômicron, carregou mutações em importantes pontos do vírus e foi detectada em mais de sessenta países, incluindo o Brasil. A OMS declarou que a Europa enfrentava “uma ameaça real de surgimento da Covid-19”. Apesar disso, no país, a Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), garantiu que os brasileiros viviam uma fase de “maior alívio, mas não de menos preocupação”.

Para a cultura brasileira, o mês de novembro foi permeado pelo luto. A artista Gal Costa, um dos grandes símbolos da Música Popular Brasileira (MPB) morreu, no dia 9 de novembro, em São Paulo, aos 77 anos. Menos de duas semanas depois, no dia 22, o cantor e compositor Erasmo Carlos morreu, aos 81 anos, por síndrome edemigênica, no Hospital Barra D’Or, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

No mesmo mês, a ex-deputada Flordelis, de 61 anos, foi condenada a 50 anos de prisão pelo homicídio do pastor Anderson do Carmo, aos 42 anos, que aconteceu em 16 de junho de 2019, na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Ela foi condenada por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, uso de documento falso e associação criminosa armada.

Ainda em novembro, o evento esportivo mais assistido do mundo, a Copa do Mundo, teve início no Catar, na Ásia. O país-sede da Copa de 2022 enfrentou uma série de polêmicas relacionadas ao desrespeito aos direitos humanos, à comunidade LGBTQIA+ e, também, aos trabalhadores migrantes que construíram os estádios. O torneio, que durou até meados de dezembro, garantiu aos “hermanos”, a Seleção da Argentina, o terceiro título de campeão. A Seleção Brasileira, por sua vez, perdeu nas quartas de final, aos pênaltis, de 2×1, para a Croácia.


A Seleção da Argentina que foi a vencedora da Copa do Mundo de 2022 (Reprodução/Lance)


Finalmente no último mês do ano, aconteceram intensos escândalos políticos na União Europeia e no Brasil. A vice-presidente do Parlamento Europeu, a grega Eva Kauli, de 44 anos, foi indiciada e presa, no dia 11 de dezembro, por uma investigação de corrupção relacionada ao país-sede da Copa do Mundo de 2022, o Catar. Por outro lado, em solo brasileiro, o Ministério Público pediu, no dia 14, a cassação da chapa do Governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), de 43 anos, acusado de conduta vedada a agente público em contratações da Ceperj e Uerj e, também, de abuso de poder.

A China, ainda no início de dezembro, anunciou ao mundo que acabaria com os confinamentos, as quarentenas e rastreios em massa da Covid. Isso porque a população passou a fazer manifestações contra a rígida política do governo chinês, a “Covid Zero”, que durou quase três anos, e se espalharam por todo o país. Desde a queda das restrições, o número de casos de pessoas infectadas cresceu e vem preocupando o mundo e especialistas da área da saúde.

Nesse mesmo mês, o presidente eleito do Brasil anunciou algumas das figuras à frente dos ministérios no ano de 2023, colocando em evidência a pauta da diversidade e inclusão das mulheres e pessoas negras no governo. Para o Ministério da Cultura, a escolhida foi a artista Margareth Menezes, de 60 anos, que é uma mulher preta e reconhecida no mundo artístico. A nova Ministra da Saúde, Nísia Trindade, a primeira mulher a ocupar este cargo, foi diretora da Casa Oswaldo Cruz e participou, também, da elaboração do Museu da Vida, um premiado museu de ciência da Fiocruz.

 

Foto destaque: pés no chão com “2022” escrito. Reprodução/Programadores Brasil

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