Nesta segunda-feira (25), militares deram um golpe de Estado no Sudão e prenderam o primeiro-ministro interino, Abdallah Hamdok, entre outras autoridades. Devido a isso, civis sudaneses vão às ruas da capital Cartum e a cidade vizinha, Omdurman em protesto à intervenção militar ocorrida.
População ergue bandeiras do Sudão ao lado de um bloqueio com tijolos durante uma manifestação na capital Cartum, em 25 de outubro de 2021, contra o golpe militar. Reprodução/AFP,
O general-chefe do Conselho Sobreano, Abdel Fattah al-Burhan, dissolveu o conselho em que chefiava e do governo de transição, comandado por Hamdok, enquanto ainda anunciava estado de emergência em todo o país, na TV estatal.
O Conselho Soberano fora criado após Omar al-Bashir sair do poder depois de 30 anos no comando do Sudão (1989-2019) devido ao grande número de protestos. O Conselho já existia há dois anos e era formado por civis e militares que sempre entravam em embate em relação as decisões sobre o futuro do país e a manutenção da democracia. Segundo o portal de notícias G1, isso tudo teria acontecido pouco antes do general chefe precisar entregar o poder a um civil.
https://inmagazine.com.br/post/Lockdown-apenas-para-nao-vacinados-entra-em-discussao-na-Austria
O general chefe declarou que o golpe deverá durar até a próxima eleição, marcada para julho de 2023 e quem foi as disputas políticas que levaram os militares a escolherem a intervenção. Além disso, segundo ele, a constituição do país também deverá ser reescrita.
No entanto, antes mesmo do anúncio oficial acontecer, civis já estavam nas ruas em revolta contra o golpe, onde no qual pneus foram queimados e ruas foram completamente bloqueadas. Enquanto isso, policiais usaram gás lacrimogêneo para afastar os manifestantes, deixando dezenas de manifestantes feridos e até o momento 2 mortos confirmados.
O principal grupo que organiza os protestos, a Associação de Profissionais do Sudão, convocou greve geral para hoje (25).
“Convocamos as massas para que saiam às ruas e as ocupem, fechem todas as estradas com barricadas, façam uma greve geral, não cooperem com os golpistas e usem a desobediência civil para enfrentá-los”, declarou o grupo.
Manifestantes pró-democracia tomam as ruas de Cartum para protestar contra uma tentativa de golpe militar no país. Reprodução/AP Photo/Ashraf Idris
O Estado já estava em alerta após a última tentativa de golpe em 21 de setembro deste ano, e até o momento não se sabe para onde foi levado Hamdok. Os ministros do conselho soberano permanecem presos. O presidente da União Africana solicitou que os líderes políticos do Sudão sejam soltos e a ONU se preocupa com o futuro da nação.
Jeffrey Feltman, enviada especial dos EUA, havia se reunido no último fim de semana com autoridades do país exatamente para tentar resolver conflitos entre os civis e militares e agora com o golpe ocorrido, Jeffrey demonstra, também grande aflição em relação ao futuro dos sudaneses. A Casa Branca declarou rejeitar “as ações dos militares e pede a libertação imediata do primeiro-ministro e de outros que foram colocados em prisão domiciliar”.
A internet está cortada na capital e o aeroporto fechado, segundo a TV local Al-Arabiya. De acordo com o Ministério da Informação, os militares invadiram a sede da televisão do Estado e prenderam os funcionários da emissora. Milhares de sudaneses permanecem sem poder se comunicar, sem internet ou telefonia fixa ou móvel.
Foto Destaque: Militares sudaneses em Cartum, capital do Sudão, em 21 de julho de 2020. Reprodução/Mahmoud Hjaj/Agência Anadolu