Sandro Silva era do mesmo batalhão de André Hack, brasileiro morto em combate. Lutou em diversas cidades e conta o terror do confronto vivido.
Sandro Silva. O homem que arriscou a vida em defesa de um país que nem sequer é o seu. O tenente, nascido e criado em Belém (PA), lutou contra uma invasão ordenada por Putin. O brasileiro se diz curioso e interessado pelo que se ocorre entre Rússia e Ucrânia e acredita ser “sua missão” defender o território Ucraniano.
Sandro, em justificativa, diz: “Sei me comunicar bem em inglês, tenho treinamento militar e tenho todos os atributos de alguém que pode ajudar. Eu tinha essa sensação de dever.”
Sandro chegou à Ucrânia apenas em Maio, já com os conflitos avançados, mesmo assim ele diz que buscou oportunidades de ir ao local bem no início da guerra, em Fevereiro. Participou de processos seletivos em Março que o colocou para liderar um pelotão de estrangeiros.
“Cheguei em Kiev, passou por treinamentos em Kharkiv, Donbass, Severodonetsk, Lysychansk e Zaporizhzhia.” Conta o Tenente Silva.
Sandro também conta relatos de que teve que passar por locais com diversos corpos mortos. Corpos de jovens mortos. Ele também era do mesmo pelotão de André Hack, brasileiro morto durante combate.
Tenente Sandro Silva em treinamento junto aos soldados Ucranianos Reprodução/arquivo pessoal
“Quando o Hack morreu, eu estava quase uma semana sem conseguir falar com minha família. Imagino a preocupação deles. Mas antes de noticiarem a morte, consegui falar com todos e disse que estava bem.”, relembra Sandro.
Tenente Sandro também relata que quanto mais perto ficavam do front, pior ficava a logística e a conexão com a internet.
Muitos ataques aconteceram durante a noite. Ele lembra que inúmeras vezes, teve de levantar repentinamente pra buscar abrigo e contra atacar.
“Mente quem diz que não sente medo. Não tinha uma noite que eu ia deitar e não ficava com medo.”
No começo dos confrontos, a Rússia afirma que ordenou uma invasão de combate de uma suposta ameaça nazista na Ucrânia. Um argumento repetido diversas vezes como justificativa para os ataques.
Sandro rebate. “Vieram achando que estavam combatendo nazistas na Ucrânia, chegaram lá e viram que não tinha nenhum nazista.”
Silva diz ter ouvido de civis que quando os russos tomavam as cidades, as pessoas os recebiam com cuidado, oferendo comida e água, exaltando a humanidade do povo ucraniano, que mesmo contrários à invasão, ajudavam os soldados russos.
Para ele, o mesmo se aplica aos soldados do outro lado, dizendo que eles estão fazendo apenas o mesmo que os ucranianos – seguindo ordens.
Foto de Destaque: Sandro vestindo sua farda. Reprodução/arquivo pessoal.