Veículos de comunicação fazem checagem à respeito de declarações de Bolsonaro no Jornal Nacional

Antonio Neto Por Antonio Neto
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Nesta segunda-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi o primeiro a participar da sabatina do Jornal Nacional, da emissora Rede Globo, em que são entrevistados os candidatos à presidência da república. No entanto, Bolsonaro foi o primeiro entrevistado e marcou a primeira rodada de conversa com algumas mentiras.  

Veículos de comunicação como Estadão e G1 e também a Agência Lupa – pioneira em checagem de fatos no Brasil –  verificaram algumas informações ditas pelo presidente. Dentre elas, Bolsonaro negou que havia xingado ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Quando questionado sobre os ataques, o presidente afirmou que William Bonner, âncora do programa, estava dizendo uma ‘fake news’.  

“Você não está falando a verdade quando diz ‘xingar ministro’. Isso é uma fake news da sua parte.” A declaração é falsa. Em julho de 2021, o presidente disparou: “É um imbecil. Não pode um homem querer decidir o futuro do Brasil na fraude, ao xingar Luís Roberto Barroso, após o então presidente do TSE criticar o voto impresso, defendido por aliados do governo na tentativa de colocar em prática um eventual golpe caso a esquerda vença a eleição deste ano.  

Em agosto do ano passado, Barroso havia sido chamado de ‘filho da puta’ pelo presidente, em Joinville (SC). “Aquele filho da puta está atrás de mim. Aquele filho da p*ta do Barroso.” 

Já em setembro, nos atos pró-governo, em 07 de setembro de 2021, Bolsonaro havia direcionado alguns insultos aos ministros Luís Roberto Barroso (presidente do TSE até o primeiro semestre de 2022) e Alexandre de Moraes, que foi responsável pelos inquéritos que envolvem o chefe do executivo e seus aliados. Bolsonaro havia chamado Moraes de ‘canalha’.  

O presidente também fez ataques ao ministro Edson Fachin, na época presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no qual ele classificou como “incompetente”

Outra fala que repercutiu durante o programa foi quando Bolsonaro disse que: “Nós estamos num governo sem corrupção.” Mais um reflexo de mentiras de seu governo. Alguns ministros do governo Bolsonaro estão sendo alvos de investigação por corrupção que está em andamento.  

Em 2021, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi acusado de participar de um grupo de exportações ilegais de madeira e facilitação de contrabando de madeira. As investigações da Polícia Federal tinham o objetivo de apurar crimes de corrupção e facilitação de contrabando de madeira para os Estados Unidos e para a Europa, que tinham o envolvimento de Ricardo Salles e também de gestores do ministério e do Ibama.  

Também em 2021, o então diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, foi acusado de pedir um dólar de propina por cada dose adquirida de vacina contra a Covid-19. Roberto Dias foi exonerado do cargo em junho do ano passado, depois da denúncia e negou a acusação. 

O último caso mais recente de corrupção no governo de Bolsonaro foi o do ministro Milton Ribeiro, que havia sido investigado por crimes de corrupção passiva (2 a 12 anos), prevaricação (3 meses a 1 ano), advocacia administrativa (1 a 3 meses) e tráfico de influência (2 a 5 anos) por suposto envolvimento em um esquema para liberação de verbas do MEC. 

A jornalista Renata Vasconcellos também fez duras críticas ao presidente sobre sua gestão durante a pandemia. Bolsonaro afirmou que “Eu não errei nada do que eu falei [sobre a pandemia].” Mas na verdade desestimulou a vacinação, estimulou e com dinheiro público realizou a compra de medicamentos comprovadamente ineficazes contra a covid-19.  

No início da pandemia, Bolsonaro havia declarado ao cumprimentar apoiadores no Palácio da Alvorada, em Brasília, que as máscaras de proteção contra a covid-19 têm “eficácia quase nula”. A afirmação é falsa e vai na contramão do que dizem autoridades sanitárias de diversos países e das recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde), onde as informações foram comprovadas cientificamente.  

Em fevereiro de 2020, Bolsonaro disse que “pequena crise” do coronavírus é “mais fantasia” e não “isso tudo” que a mídia propaga. Ao contrário do que o presidente disse, a contaminação pela covid teve efeito mundial, no Brasil onde tivemos quase 700 mil mortos e mundialmente levando embora 6,4 milhões de pessoas pela doença.

Outra desinformação durante o pico da pandemia foi que Bolsonaro havia feito recomendações de remédios ineficazes no combate a covid-19. Bolsonaro orientou uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina contra a Covid-19. A Organização Mundial da Saúde (OMS) havia afirmado que a hidroxicloroquina não deve ser usada como prevenção à doença. 

Também reflexo de mentiras, o presidente desestimulou a vacinação lendo uma suposta notícia que alertava que “vacinados estão desenvolvendo a síndrome da imunodeficiência adquirida (Aids)”. Médicos, no entanto, afirmam que a associação entre o imunizante contra o coronavírus e a transmissão do HIV, o vírus da Aids, é falsa. 

JORNAL NACIONAL BATEU RECORDE DE AUDIÊNCIA DURANTE SABATINA 

A participação do presidente Jair Bolsonaro (PL) no Jornal Nacional teve em torno de 40 minutos e durante esse tempo a audiência do programa bateu seu maior recorde no ano. O telejornal de maior audiência do país começou a receber nesta 2ª feira (22) os principais candidatos ao Palácio do Planalto. Bolsonaro foi o primeiro entrevistado pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos.  

A sabatina do presidente marcou 32,3 pontos de média na Grande São Paulo, sendo que cada ponto representa 74.666 domicílios e 205.755 indivíduos. A nível de comparação, nas últimas noites foram 24 e 24,5 pontos. O resultado também fica um ponto acima da audiência alcançada no programa quando o candidato participou da sabatina do JN em 2018. 

Antes de participar da sabatina de segunda-feira, Bolsonaro brincou em um vídeo dizendo que daria um beijo no apresentador do Jornal Nacional, William Bonner. A declaração foi feita em vídeo gravado e publicado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria.  

Uma nova rodada da pesquisa eleitoral da BTG/FSB mostra que o atual chefe do executivo, Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, subiu positivamente em dois pontos para 36%, ficando atrás do seu atual rival na disputa pelo Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva, que obteve 45%. 

A pesquisa é do Instituto FSB, encomendada pelo banco BTG Pactual. O Instituto FSB entrevistou cerca de 2.000 pessoas entre os dias 19 e 21 de agosto. A pesquisa está registrada no TSE sob o número BR-00244/2022.

 

(Foto destaque/Reprodução: UOL)

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