Vereadora Verônica Costa se defende hoje de condenação por tortura ao ex-marido

Raphael Klopper Por Raphael Klopper
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Nesta quinta-feira (13/04), a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro recebeu em sua tribuna Verônica Costa, vereadora do PL, que durante a sessão de hoje, se defendeu das acusações que vem respondendo de cometer tortura contra o ex-marido, Márcio Costa. A vereadora havia sido condenada a dez anos e oito meses de prisão, porém agora em sua defesa, alega que ela foi a verdadeira vítima de violência doméstica durante o casamento com Costa.

“Meu coração hoje se encontra partido. Não é fácil falar de uma história que muito me envergonhava, que era a violência doméstica. Eu sei que muitas que estão me ouvindo às vezes vivem isso e têm a esperança de mudar o relacionamento com um marido alcoólatra e violento. Cada vez que eu era agredida, a minha casa era quebrada, os vizinhos, meus amigos e família me aconselhando… eu sempre achei que ele ia mudar. A gente tem essa cultura de achar que tem que salvar o casamento, e hoje eu me vejo sendo condenada em pena máxima por tortura. Eu nasci para o amor. Na minha história pública, eu nunca tive uma agressão na vida” — disse Verônica em seu discurso na tribuna.

A vereadora vem negando as acusações desde 2011 quando ela começou a responder pelo crime após a denúncia feita pelo seu ex-marido à Polícia Civil. A defesa agora vem justamente depois da apelação do caso de Verônica ter sido apresentada essa semana na terça-feira, na 2ª Câmara Criminal, contra a sentença que a vereadora havia recebido em primeira instância recebendo cinco anos e dez meses de prisão. Verônica continua afirmando que as agressões nunca foram comprovadas, dizendo:

“Meus advogados têm como defesa que, no dia, eu e a minha família fizemos corpo de delito. Se você tortura alguém, você tem que ter um arranhão, a pessoa tem que tentar se defender. O nosso exame de corpo de delito foi feito e não teve um arranhão. Os laudos, que acusam que tinha sangue na minha calça, deram inconclusivos, não deram positivo. Eu estou tão anestesiada, estou tão apavorada e machucada, mas não vou deixar o meu trabalho. Eu vou lutar até o infinito para provar minha inocência.”


Verônica Costa se defende durante sessão na Câmara (Foto: Reprodução / O Globo)


Como prova, a vereadora revelou que possui um registro feito na Delegacia de atendimento à mulher (Deam), de ainda antes do caso ter tido repercussão, onde ela acusa o ex-marido de ter feito ameaças e ter apontado uma arma em sua cabeça, declarando ainda que ela é perseguida por Márcio Costa desde então.

“Eu vou estar sentadinha aqui lutando pelo povo, vou estar na rua fazendo a minha campanha de prevenção à violência contra a mulher. Eu vou estar aqui enquanto eu estiver viva, enquanto eles não me prenderem. Esse marido que me acusa não para de me ameaçar” continuou Verônica.

Por fim, a vereadora aproveitou a tribuna para pedir orações e fazer um alerta e clamor às mulheres vítimas de violência doméstica:

“Eu quero dizer para você, mulher: não queira estar casada, não queira colocar em risco sua vida, sua história, para manter um casamento. Você que acredita em mim, que me acompanha, ore por mim”.

O advogado de defesa de Márcio Costa, Leandro Bessa também declarou nesta quinta-feira que a defesa vai fazer um requerimento na Justiça de apreensão do passaporte de Verônica, argumentando que, embora a vereadora não tenha esboçado sinais de fuga, o pedido será uma precaução visto que a acusada possuí parentes no exterior. A decisão vem do fato de Verônica poder aguardar o processo em liberdade.

“Como não existe prisão automática por condenação em segunda instância, ela só poderá ser presa preventivamente — explicou o advogado, acrescentando que as condições para isso seriam por necessidade de garantia da ordem, em caso de possibilidade de fuga ou ameaça a testemunhas na instrução do processo, esta última descartada uma vez que a instrução já foi encerrada.” disse Bessa.

Porém, o advogado do ex-marido mostrou satisfação com a decisão da Justiça, dizendo:

“Márcio e a família dele estão sentindo o senso de justiça deles reparado diante dessa decisão. Foi demorada, mas a justiça foi feita. A assistência de acusação se sente satisfeita com essa exasperação da pena.”

Os desembargadores haviam determinado que a pena de Verônica fosse cumprido em regime fechado. Resta agora a obrigação da condenada de recorrer a decisão no Superior Tribunal de Justiça (STJ) ou no Supremo Tribunal Federal (STF).

 

Foto Destaque: Verônica Costa em Tribuna (Reprodução / O Globo)

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