No Brasil, o número de violência contra os povos indígenas aumentou consideravelmente no ano de 2022, é o que aponta uma pesquisa divulgada pelo Conselho Indigenista Missionário, divulgada nesta quarta-feira (26). Os números levantados pelo órgão dizem respeito a questões ligadas a conflitos por terras, crimes contra a pessoa e sobre violência contra o patrimônio em 2021 e 2023. O relatório apontou que o ano de 2022 é considerado o fim de um ciclo, marcado por violência intensa contra os povos indígenas.
Segundo dados da pesquisa, no Rio Grande do Sul, pelo segundo ano consecutivo, é mais marcado por conflitos sobre territórios. Os conflitos correspondem a 17% do total de conflitos registrados no Brasil. Só em 2022, 27 conflitos com indígenas por disputas de terra foram registrados no estado, mesmo registro de 2021. No país, por sua vez, foram 158 casos desse tipo.
Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas. (Foto: reprodução/G1)
Os números da pesquisa
O estudo levantado pelo Conselho Indigenista Missionário traz números alarmantes sobre violações aos povos originários. A pesquisa foi categorizada em três aspectos: conflito por terras, crimes contra pessoa (assassinatos e/ou ameaça de morte) e violência contra patrimônio, esta última refere-se a situações como invasões ligadas à grilagem de terra, extração irregular de madeira, garimpo, caça e pesca ilegais.
No tocante à violência relacionada ao conflito de terras, em 2021 foram registrados 118 casos. Em 2022, infelizmente os números sobem para 158 casos. Já no que diz respeito a crimes contra pessoa, como assassinatos e ameaças de morte, no ano de 2021 foram registrados 382 casos. Esses números só aumentaram em 2022, que registrou 416 casos, um aumento de 8,9%. Por outro lado, os casos de violência relacionados a extração irregular de madeira, invasões por grilagem de terras e outros do tipo em 2021. 423 casos ocorreram e os números só aumentaram em 2022, que registrou 467 casos (10,4%).
Fim de um ciclo de violência
O relatório do referido conselho, destacou que, mesmo com os números alarmantes de violação aos direitos e a integridade dos povos indígenas brasileiros, o ano de 2022 representa o fim de um ciclo governamental, notadamente marcado por intensa violência contra os povos originários. Segundo aponta o estudo, nos últimos três anos, aconteceu um desmonte de políticas públicas direcionadas aos indígenas, assim como um desmantelamento dos órgãos fiscalizadores e de proteção dos territórios desses povos.
Na cidade de São Paulo, considerado menor território indígena do país, os povos indígenas enfrentam situação conflitante ligada a invasões, como ocupações irregulares. A ministra Sônia Guajajara visitou nesta quarta (26), a Terra Indígena Jaraguá, Zona Oeste da cidade. Conforme a ministra, no Jaraguá, os indígenas têm enfrentado desafios como a “falta de segurança” e pontua que “há uma ameaça aos indígenas por conta das invasões dentro do próprio parque e ocupações no entorno do território, e que acaba gerando conflitos entre os indígenas e esses ocupantes ali invasores desse território”, explicou Sônia Guajajara. Entretanto, a ministra ressalta o compromisso de defender os povos originários. “Nós temos esse dever de proteger essa cultura tão rica, tão diversa, que só engrandece o nosso país”, finaliza.
O Conselho Indigenista Missionário está ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. No estudo levantado pelo órgão, em 2022, estados como Roraima, Mato Grosso do Sul e Amazonas registraram, respectivamente, 41, 38 e 30 casos de assassinatos de indígenas.
Foto destaque: povos indígenas. Reprodução/Pixabay.