Com a ajuda do Telescópio Espacial James Webb, cientistas anunciaram uma descoberta promissora na busca por vida fora da Terra. Na atmosfera do planeta K2-18 b foram detectadas impressões químicas de gases que, no nosso planeta, são produzidos por processos biológicos.
Foram dois gases observados na atmosfera do exoplaneta, o dimetil sulfeto (DMS) e o dissulfeto de dimetila (DMDS). Na Terra, essas substâncias são produzidas por organismos vivos, especialmente por vida microbiana como fitoplâncton marinho (algas microscópicas).
Gases que podem indicar vida microbiana
A descoberta foi conduzida por uma equipe de cientistas da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, liderada pelo astrônomo Nikku Madhusudhan. Os resultados foram publicados na quarta-feira (16) na revista científica Astrophysical Journal Letters.
A presença desses compostos indica a possibilidade de que K2-18 b possa estar repleto de vida microbiana, segundo os pesquisadores. No entanto, eles enfatizam que não estão anunciando descoberta de vida extraterrestre, e sim uma possível bioassinatura, que significa um indício químico de processo biológico.
“Esses são os primeiros indícios de um mundo alienígena possivelmente habitado”, afirmou Madhusudhan. Apesar do entusiasmo, a situação requer cautela: “Primeiro, precisamos repetir as observações duas ou três vezes para garantir que o sinal é real e aumentar a significância da detecção, até que a probabilidade de erro estatístico seja menor que uma em um milhão.”
Prudência na análise dos dados
O astrofísico esclareceu que, neste estágio, é impossível dizer se existem organismos multicelulares ou vida inteligente. A suposição atual é de vida microbiana simples.
Stephen Schmidt, cientista planetário da Universidade Johns Hopkins, reforça a prudência: “É uma pista. Mas ainda não podemos concluir que o planeta seja habitável.”
Foram descobertos, desde a década de 1990, cerca de 5.800 exoplanetas, os quais são planetas fora do nosso sistema solar. Entre eles, os cientistas levantam hipóteses sobre a existência de mundos chamados “hycean” que são planetas cobertos por oceanos de água líquida, com atmosfera rica em hidrogênio, potencialmente habitáveis por microrganismos.
K2-18 b, um exoplaneta da classe “sub-Netuno” (maior que a Terra e menor que Netuno), se encaixa nesse perfil. “Os dados de K2-18 b são riquíssimos, tornando-o um mundo fascinante”, destacou Christopher Glein, do Southwest Research Institute, no Texas. “Esses novos dados são uma contribuição valiosa, mas devemos testá-los o máximo possível. Espero ver mais análises independentes já na próxima semana.”
Madhusudhan declara que “não interessa a ninguém afirmar prematuramente que detectamos vida”, por ser uma grande incerteza que os dados apontem de fato para isso.