Como ‘Fake News’, ‘Femicídio’ e outros termos ganharam espaço nos discursos parlamentares

A Inteligência Artificial identiciou que alguns termos já são de conhecimento da sociedade e a origem de alguns deles vem diretamente dos parlamentares

Thalita Gombio Por Thalita Gombio
5 min de leitura
Foto destaque: Os termos mais usados por parlamentares refletem uma mudança significativa na linguagem politica (Reprodução:Stanzel/ullstein bild/ Getty Images Embed)

Um levantamento feito pelo portal O Globo, apresentou os termos citados no Congresso Nacional que se tornaram históricos e são usados até o dia de hoje.

A análise foi feita com auxílio de Inteligência Artificial e baseou-se em 600 mil declarações de parlamentares no século XXI com dados que revelam a evolução da linguagem política e como as mudanças refletem também na sociedade.

O estudo apresenta alguns termos como “fake news”, “coronavírus”, “aquecimento global” e “femicidio” , além do momento em que começaram a ser usados em debates políticos, tornando-se parte das pautas discutidas.

Origens dos termos mais usados

A expressão “Aquecimento Global” foi citada pela primeira vez em 1990, durante o discurso do ex- senador Jutahy Magalhães (PSDB-BA) que comentou acerca de dados do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que identificou um aumento considerável na temperatura em 100 anos.

O tema volta a ser debate recente por conta de acontecimentos ao redor do mundo com aumento da temperatura provocando incêndios, aumento do nível do mar e estudos científicos que comprovam a redução de várias espécies. Diversos programas de conscientização vêm sendo desenvolvidos para diminuir os impactos causados pelo aumento de CO2.

O termo “Fake News”, que significa mentiras ditas como se fossem a mais pura verdade, foi visto pela primeira vez em 2017, durante um discurso do deputado Marco Feliciano (PL-SP) e ganhou força maior na primeira campanha presidencial de Donald Trump nos EUA, sendo escolhida inclusive para fazer parte do dicionário de Collins no mesmo ano. Feliciano discursou ainda sobre os perigos da disseminação dessas notícias e as consequências para figuras públicas e desde então, o assunto é tema de discussão para criação de legislações que impeçam a circulação de notícias falsas.


O ex-presidente Donald Trump adotou o termo “Fake News” quando estava em campanha para a presidência em 2017, aumentando o uso entre politicos em quase 365% (reprodução/Saul Loeb/AFP/Getty Images Embed)


“Coronavírus” também surgiu em um Congresso, mas diferente do que se imagina, o termo foi usado pela primeira vez em 2003, quando o deputado Dr. Hélio (PDT-SP) fez um alerta sobre a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), citando o vírus como principal causador. 17 anos depois, o termo se tornou de uso diário e de conhecimento mundial após a chegada do vírus em 2020 que mudou drasticamente a sociedade desde então.

O “Femicídio” foi um termo usado em 2012, pela senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) para descrever assassinatos de mulheres motivados por violência do gênero, trazendo dados alarmantes das vítimas e atenção para o tema que ganhou força e conscientização sobre a violência contra mulheres. Até hoje o tema é discutido com a luta pela regulamentação de leis e canais de apoio às vítimas que sofrem diariamente todo tipo de abuso.

Os debates foram o principal palco de novas linguagens entre políticos e com o alcance expansivo na internet, tornaram-se de uso comum entre a sociedade

Primeiras citações de presidentes no Congresso

O estudo também trouxe dados da primeira vez em que Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Messias Bolsonaro foram citados em um Congresso, ambos sendo elogiados pela atuação como representantes de classe.

O atual presidente Lula, teve seu nome citado em 1978, enquanto fazia parte do sindicato dos metalúrgicos do qual se tornou presidente defendendo causas como moradia e melhoria das condições trabalhistas.

Bolsonaro, ex-presidente e capitão do exército na época, foi elogiado pelo Major Curió (PDS-PA) em 1986, pela coragem de trazer à tona casos de injustiças dentro das forças armadas na época da ditadura.

Os dois políticos também fizeram parte da câmara dos deputados, com Lula realizando 70 discursos entre 1987 e 1991 e Bolsonaro 1.541 discursos entre 1991 e 2019. Com políticas contrastantes, abordaram temas sindicais e políticas de costumes.

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