Criador de ‘O Menino Maluquinho’, Ziraldo morre aos 91 anos

Rayssa Souza Por Rayssa Souza
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Foto destaque: Ziraldo morre aos 91 anos (reprodução/Marcelo Correa/ BBC News Brasil)

Nesta tarde de sábado (6), o cartunista Ziraldo faleceu aos 91 anos enquanto dormia em sua casa no bairro da Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro. A informação foi confirmada pela família do chargista, que criou personagens como “O Menino Maluquinho” e “Turma do Pererê”. Ziraldo deixa a mulher, Marcia Martins da Silva, e três filhos, Fabrizia, Daniela e Antonio, frutos do casamento com Vilma Gontijo.


Ziraldo, cartunista, caricaturista e fundador de O Pasquim (foto: reprodução/Fernando Frazão/Agência Brasil/Globo)

Carreira

Ziraldo Alves Pinto nasceu no dia 24 de outubro de 1932 em Caratinga, Minas Gerais. Sua carreira iniciou-se quando seu primeiro desenho foi publicado quando tinha apenas 6 anos no jornal A Folha de Minas, em 1939. Já em 1954, começou a fazer uma página de humor no mesmo jornal que havia estreado.

Em 1957, se formou em Direito pela Faculdade de Direito de Minas, porém não exerceu a profissão, ao mesmo tempo em que entrou para as revistas A Cigarra e O Cruzeiro. 10 anos depois, Ziraldo começou a trabalhar no Jornal do Brasil, publicando cartuns e charges de cunho político. Nesta época, destacaram-se os personagens Mineirinho, Supermãe e Jeremias, o Bom.


Ziraldo em jornalismo (foto: reprodução/Veja/Adhemar Veneziano/Dedoc)

Ainda naquela década, pode realizar um sonho que tinha desde criança, em que finalmente se tornou autor de histórias em quadrinhos e conseguiu publicar sobre a Turma do Pererê na primeira revista nacional, que abordava o gênero quadrinhos feita por um único autor. Os personagens que compunham essas histórias eram do mundo folclórico brasileiro, como um pequeno indígena e animais como onça, tatu e jabuti.


Ziraldo para a Turma do Pererê (foto: reprodução/Veja/Chico Nelson/Dedoc)

Em 1964, com o início do Regime Militar, a revista parou de ser publicada. A partir da proibição, cinco anos depois, Ziraldo, alguns jornalistas e os cartunistas Jaguar, Henfil e Millôr Fernandes fundaram um periódico bastante crítico à ditadura militar, O Pasquim, em resposta ao Ato Institucional número 5.


Ziraldo em O Pasquim (foto: reprodução/Paulo Garcez/Acervo Globo)

Em 1969, Ziraldo publicou seu primeiro livro infantil, FLICTS, que venceu o prêmio Hans Christian Andersen do mesmo ano. O livro contava a história de uma cor que não se encaixava em nenhum lugar.

Sucessos

O maior sucesso e fenômeno do mercado editorial infantil nacional foi O Menino Maluquinho, publicado em 1980. A história tem como personagem principal um garoto que sempre estava vestido com uma camisa amarela e fazendo uma panela de chapéu. O enredo possui mais de 10 títulos, incluindo outra história também conhecida, Uma Professora Muito Maluquinha.


Ziraldo na Bienal do Livro de São Paulo (foto: reprodução/Mauricio Santana/Getty Images Embed)


O Menino Maluquinho ganhou vida também fora dos quadrinhos e foi até adaptado duas vezes para o cinema, em 1995, dirigido por Hervécio Ratton, e em 1998, por Fernando Meirelles e Fabrizia Pinto, filha do cartunista. Além disso, a história também conquistou uma série exibida na TVE Brasil, produzida por Cao Hamburguer e Anna Muylaert.


O Menino Maluquinho – O Filme (foto: reprodução/Biblioteca Pública do Paraná)

Outros títulos também fizeram sucesso, como O Bichinho da Maçã, A Fábula de Três Cores, Meninas das Estrelas e Jeremias, o Bom. Sua última produção foi uma colaboração com Maurício de Souza em Mônica e Menino Maluquinho na Montanha Mágica, lançada em agosto de 2023 na última Bienal do Livro de São Paulo.

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