Entre os dias 11 e 17 de junho deste ano, o Datafolha entrevistou 2.508 pessoas com idade superior a 16 anos em todo território nacional. Os entrevistados responderam se convivem com o crime organizado, se existem cemitérios clandestinos em suas comunidades e se conhecem pessoas desaparecidas.
A maior parte dos entrevistados disseram não ter convivido com o crime organizado naquele período, no próprio bairro. Porém, os números sinalizam a extensão do contingente populacional que está sob o domínio de grupos de violência, representando 14% da população brasileira. A pesquisa possui margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Convivência com grupos criminosos é maior nas cidades
As grandes cidades, capitais e regiões metropolitanas concentram a maioria dos entrevistados que disseram ter sofrido a presença explícita de facções criminosas ou milícias no local onde moram.
Integrante de uma facção criminosa na Favela do Vidigal no Rio de Janeiro (Foto: reprodução/Michael Heffernan/Getty Images embed)
A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais) fez um mapeamento e chegou a um total de 88 facções criminosas no Brasil. Elas estão distribuídas nos presídios estaduais e federais, demonstrando o controle do crime de dentro e de fora das prisões.
Grupos criminosos cobram por acesso a serviços essenciais
De acordo com um dos moradores, os grupos armados cobram taxas dos moradores para que tenham acesso a serviços de gás, luz, água e tenham garantida a própria segurança. “Quando um dos moradores do condomínio não efetua o pagamento e fica devendo, eles cortam o fornecimento de água não só da pessoa que está inadimplente como das pessoas que efetuaram o pagamento. Até para você denunciar é complicado”, ele completou.
Na última segunda-feira (2), cariocas fizeram um protesto na principal avenida do bairro Madureira no Rio de Janeiro, pedindo “paz”. No final de semana anterior, houve um tiroteio entre facções rivais, deixando quatro pessoas mortas e cinco feridas.
A violência paralisa a vida dessas pessoas que convivem com esses grupos armados. Quando ouvem um tiro, não conseguem identificar se está perto, se está longe, se pode atingir a residência ou algum familiar. Só podem se esconder e esperar que acabe logo.