Da seca à enchente: entenda as alterações climáticas no Acre

Eduardo Luzan Por Eduardo Luzan
3 min de leitura
Foto destaque: Rio Acre em situação de cheia (reprodução/Jardy Lopes/Ac24horas)

O clima no Acre está passando por grandes alterações, indo de uma seca intensa à enchentes históricas em um curto período, especialmente em fevereiro. Essas transformações foram impulsionadas por três grandes fatores climáticos que, interligados, trouxeram mudanças problemáticas à região.

Essa mudança foi causada principalmente pelo El Niño, que trouxe uma seca intensa em outubro de 2023. O atraso no ‘Inverno Amazônico’ também contribuiu para a estação chuvosa, enquanto um aquecimento incomum no Oceano Atlântico impactou a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), resultando em fortes chuvas.

Entre os riscos iminentes, a agricultura, essencial para muitas comunidades, enfrenta a ameaça de perdas diante das mudanças abruptas. Ao mesmo tempo, as enchentes imprevisíveis também causam impactos severos em áreas habitadas.

A possibilidade de falta de energia e a suspensão das aulas são exemplos desses riscos imediatos, reforçando a urgência de enfrentar as consequências, mas também os potenciais riscos de vida às comunidades locais.


Bombeiros ajudando moradores no Acre
Bombeiros da EMURB auxiliam moradores do Parque das Exposições que tiveram seus móveis alagados (Reprodução/Whidy Melo/Ac24horas)

El Niño e a seca devastadora

Em outubro de 2023, o Rio Acre apresentava níveis alarmantemente baixos, revelando uma seca extrema que coincidiu com o El Niño.

Este fenômeno, caracterizado por um aquecimento significativo das águas do Oceano Pacífico, é conhecido por provocar secas no Norte e Nordeste do Brasil. A consequência direta foi a redução drástica na precipitação, desencadeando a seca intensa que assolou o estado.

Atraso do ‘Inverno Amazônico’

O ‘Inverno Amazônico’, ou estação chuvosa, experimentou um atraso significativo. A configuração normal desta estação, que ocorre entre janeiro e março, foi desconfigurada devido à persistência das secas.

A transição entre estações, caracterizada por chuvas rápidas e volumosas, ocorreu fora do esperado, resultando no aumento abrupto do nível dos rios, especialmente quando as chuvas foram concentradas nas nascentes.

Aquecimento do Oceano Atlântico

O aquecimento desigual do Oceano Atlântico ao norte do Equador contribuiu para a desconfiguração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), um sistema meteorológico crucial para a ocorrência de chuvas nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.

A ZCIT permaneceu mais ao norte do que o previsto, dificultando a formação de nuvens e favorecendo pancadas isoladas. Esse cenário resultou em chuvas intensas e contribuiu para as enchentes nos rios, incluindo o Rio Acre, afetando múltiplas cidades do estado.

Impacto

A atual situação no Acre é de emergência, com inundações impactando 19 das 22 cidades, deixando 86% do estado em estado crítico. A população enfrenta desafios significativos, incluindo falta de energia elétrica, suspensão das aulas, perdas nas plantações e registros de fatalidades.

Essa situação reforça a importância de intervenções por parte das autoridades, sendo crucial a adoção de medidas para auxiliar as comunidades a enfrentar essas mudanças repentinas a curto e longo prazo.

Colunista do In Magazine
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