Defesa de Bolsonaro alega que ele não confessou ter conhecimento de minuta do golpe

João Pedro Turati Por João Pedro Turati
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Foto destaque: Bolsonaro e Michelle durante discursos na Paulista (Foto: reprodução/blogdomarcosilva.com)

A defesa de Bolsonaro argumentou que existe uma confusão na sequência temporal em relação à minuta do golpe e afirma que ele não admitiu. Para a Polícia Federal, o ex-presidente reconheceu ter conhecimento da existência do documento descoberto na residência de Anderson Torres, que propunha a imposição do Estado de sítio.

Confusão na ordem cronológica

Fontes ligadas à defesa de Jair Bolsonaro alegam que está havendo uma confusão cronológica e que o ex-presidente não confessou ter ciência de uma minuta de golpe durante seu mandato no evento realizado na Avenida Paulista.

A Polícia Federal planeja incluir partes do discurso de Bolsonaro sobre uma minuta encontrada na casa de Anderson Torres no inquérito. De acordo com investigadores, devido ao discurso deste domingo do ex-presidente, ele teria reconhecido que tinha conhecimento do documento.

Bolsonaro disse que o suposto golpe foi reconhecido por meio de uma minuta de um decreto de estado de defesa, e perguntou se golpe utiliza a Constituição. Ele se recusou a prestar depoimento na PF por não ter acesso a todo o inquérito


Bolsonaro e Michelle na Avenida Paulista (Foto: reprodução/Nelson Almeida)

Conforme fontes da defesa, Bolsonaro só teve conhecimento e leu as chamadas minutas golpistas após seu governo, sendo que o único texto que recebeu foi descoberto pela PF no celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordem.

Uma captura de tela dessa minuta, que acabou sendo divulgada pela mídia, foi enviada pelo Whatsapp a Bolsonaro em 18 de outubro de 2023 por seus advogados e encontrada em seu escritório no PL em uma recente operação de busca e apreensão da PF. Uma fonte da defesa do ex-presidente disse que toda essa operação ocorreu muito tempo após Bolsonaro deixar o governo.

Veja o que Bolsonaro disse na Paulista

No evento na Paulista, entretanto, Bolsonaro afirma que não deu continuidade às etapas previstas na minuta. “Deixo claro que Estado de sítio começa com o presidente da República convocando os conselhos da República e da defesa. Isso foi feito? Não”, disse o ex-presidente.

Em conversas privadas, aliados políticos de Bolsonaro defendem a tese de que o ex-presidente pode até ter recebido sugestões de minutas de Estado de sítio, mas que não as implementou. Além da minuta de Anderson Torres, Cid afirmou em sua delação que Bolsonaro recebeu de Felipe Martins, também seu assessor, outra minuta, que previa a detenção de ministros do STF, e que teria solicitado alterações. Martins nega a existência desse documento, que não foi encontrado.

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