Durante o julgamento da denúncia contra o chamado “núcleo 3”, as defesas dos 11 militares e de um policial federal acusados de envolvimento em ações antidemocráticas contestaram duramente os argumentos da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo os advogados, os elementos apresentados não comprovam a intenção de golpe.
O advogado de Bernardo Corrêa Neto, Ruyter de Miranda Barcelos, afirmou que o coronel não elaborou nenhuma minuta golpista. De acordo com ele, as mensagens trocadas com Mauro Cid, então ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, não violaram a Constituição, pois refletiam apenas opiniões pessoais.
Além disso, Barcelos destacou que Corrêa Neto vivia em Porto Alegre, não frequentava acampamentos golpistas e jamais incentivou depredações. Para a defesa, a acusação baseia-se em uma suposta intenção que nunca passou da fase de cogitação.
General esteve em reunião, mas diz que não apoiou golpe
A defesa do general Estevam Theophilo também rejeitou qualquer envolvimento com ações golpistas. Seu advogado, Diogo Musy, explicou que o militar participou de uma única reunião com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, em 9 de dezembro de 2022.
De acordo com Musy, o próprio comandante do Exército comunicou a convocação, e o comparecimento foi feito em carro oficial. O advogado garantiu que não há mensagens, gravações ou qualquer outro indício de que o general tenha concordado com ideias antidemocráticas.
No entanto, a PGR sustenta que Theophilo aceitou coordenar o uso das forças terrestres, o que ele nega veementemente.
Polícia Federal aponta plano de sequestro e monitoramento
A acusação mais grave envolve o policial federal Wladimir Soares. Em áudios enviados ao STF, Soares diz que estava “preparado para prender” o ministro Alexandre de Moraes e que “não ia ter posse” do presidente Lula.
Enquanto isso, outros militares foram acusados de monitorar autoridades públicas e de pressionar o Alto Comando do Exército a apoiar o golpe. No entanto, as defesas afirmam que a denúncia da PGR se sustenta em delações e mensagens soltas, sem provas diretas de ordens ou ações concretas.