A Conferência Nacional dos Bispos (CNBB) apresentou o relatório referente aos conflitos no campo, tendo como base o ano de 2024. A divulgação foi feita ontem, quarta-feira (23), em Brasília e contou com a presença de diversos jornalistas e profissionais ligados à entidade e em defesa da reforma habitacional.
O relatório elaborado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), aponta um aumento da violência em conflitos envolvendo assentados e desocupantes. Tanto por parte dos proprietários do local, quanto pelas autoridades envolvidas nas desocupações.
Dados apresentados
Conforme o relatório, houve diminuição no número de conflitos e nas resistências por parte dos camponeses, em relação ao ano de 2023. No entanto, a violência empregada para a retomada da “terra” contabilizou 1.680 registros no ano de 2024. E, segundo o estudo, foi o maior patamar registrado na última década.
Os conflitos envolveram 904 mil pessoas em 2024, contra 792 mil pessoas em 2023. O relatório, ainda, aponta que 78% dos conflitos no campo, estão relacionados à disputa por terras. Além de contaminação por agrotóxicos, ameaças, desmatamentos ilegais, incêndios e disputa por água.
Publicação Comissão Pastoral da Terra sobre conflitos no campo (Foto: reprodução/Instagram/@cptnacional)
Os estados em que ocorreram mais conflitos encontram-se no norte e nordeste do país, além do centro-sul do Brasil. Outros dados apontados pelo estudo, informam que os agentes responsáveis pela violência foram fazendeiros, empresários e governo federal.
Disputa por terra e agronegócio
No Brasil, a disputa por terra e por moradia vem atingindo números recordes ao longo dos anos. Especialistas apontam que, ao mesmo tempo em que o agronegócio cresce em relação aos anos anteriores, o desmatamento tem alcançado números preocupantes e com ele, à violência.
Para a Comissão Pastoral da Terra, as áreas mais atingidas pelos conflitos, são locais onde o “agro” está em expansão. Estados como Maranhão, Tocantins e Bahia possuem altos índices de conflitos entre camponeses e proprietários de terra.
Diante desses dados, a coordenadora nacional da CPT, Cecília Gomes, declara que “o campo ainda não é um lugar seguro pra se viver” e que o momento não é só de ataque contra pessoas, mas também, contra recursos naturais e contra o meio ambiente.
O “Conflitos no Campo” ainda destaca a crescente quantidade de agrotóxicos utilizados pelo setor do agronegócio e a crise climática devido ao desmatamento causador de enchentes, secas e incêndios em diversas regiões do país.