A Polícia Civil do Distrito Federal divulgou, nesta quinta-feira (15), dados sobre adesões suspeitas na Conafer. Ela é uma das investigadas na fraude do INSS e triplicou o número de associados durante a pandemia de Covid-19. A investigação que começou em 2020 mostrou que, entre abril e julho daquele ano, a empresa registrou adesão de mais de 73 mil aposentados e pensionistas. Isso equivale a uma média de cerca de 610 novas filiações por dia.
De acordo com as investigações, entre 2019 e 2024, a Conafer teve um expressivo crescimento no volume de descontos aplicados aos beneficiários. Em 2019, o montante anual descontado era de R$ 400 mil, mas saltou para R$ 57 milhões em 2020. Entretanto, atingiu o pico de R$ 202 milhões apenas em 2023, conforme dados da Controladoria-Geral da União, a CGU.
Cinco anos antes da “farra do INSS”
A investigação começou após dois aposentados denunciarem a Conafer, em 2020, apontando irregularidades nos descontos aplicados em seus benefícios. Segundo os investigadores, desde aquela época já havia indícios de que os valores estavam sendo retirados de cidadãos em situação de alta vulnerabilidade, especialmente idosos.
Além disso, os descontos ocorreram em um período em que a identificação da real motivação das cobranças era mais difícil, já que as agências do INSS estavam fechadas devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19. Essa circunstância dificultou que os beneficiários percebessem e questionassem os valores descontados, favorecendo a ampliação da fraude que ficou conhecida como ‘farra do INSS’, denunciada pela CGU em abril deste ano.
Dirigente da Conafer já foi condenado antes
A investigação também revelou que Tiago Ferreira Lopes, dirigente da Conafer e irmão do presidente da entidade, já foi condenado por improbidade administrativa. A condenação incluiu enriquecimento ilícito e danos ao patrimônio público. Além disso, ele já havia se envolvido em outro caso de descontos não autorizados aplicados a trabalhadores, reforçando o histórico de irregularidades.
Por fim, em 2021, a Justiça do Distrito Federal encaminhou à Polícia Federal o inquérito sobre os descontos irregulares no INSS, que estava sob investigação da Polícia Civil.