Bolsonaristas foragidos envolvidos nos atos antidemocráticos do 8 de janeiro pediram asilo político ao governo da Argentina. O pedido será analisado pela Comissão Nacional dos Refugiados e o governo argentino não tem prazo para responder os esclarecimentos que o governo brasileiro pediu. As informações foram dadas pelo jornal argentino La Politica Online e confirmadas pela CNN Brasil.
Os bolsonaristas foram condenados por crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, deterioração do patrimônio tombado, golpe de Estado, violação de tornozeleira eletrônica e associação criminosa. São seis acusados que pedem auxílio: Ângelo Sotero, Gilberto Ackermann, Raquel de Souza Lopes, Luiz Fernandes Venâncio, Rosana Maciel Gomes e Daniel Luciano Bressan. Ao todo são 65 bolsonaristas condenados em território argentino e entraram no país entre os dias 5 e 21 de maio.
A escolha da Argentina se deve ao atual presidente, o ultradireitista Javier Millei, ser um forte apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro. Além disso, os fugitivos podem se beneficiar de um acordo feito por Bolsonaro em 2019 que estabelece condições para os países solicitarem a extradição de pessoas acusadas, processadas ou condenadas. De acordo com o tratado, a Argentina ainda tem base legal para recusar a extradição do indivíduo para o Brasil se ele tiver requisitado asilo político.
Os nomes das pessoas que não forem presas serão incluídos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP) e a Procuradoria-Geral da República fez cerca de 1.400 denúncias no inquérito dos atos golpista
O 8 de Janeiro
O 8 de janeiro foi quando, em 2023, um grupo de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiu e vandalizou o Congresso Nacional, o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) como reação contrária aos resultados das eleições de 2022. Os vândalos de autodenominavam patriotas tentaram aplicar um golpe de Estado já que acreditavam que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva tinha sido manipulada.
Os golpistas tentaram recriar a Invasão ao Capitólio estadunidense ocorrida dois anos antes, que também não obteve sucesso. O dia 8 de janeiro passou a ser um dia para relembrar que a democracia ainda precisa ser defendida e preservada.
Onde estão os golpistas presos?
Pelo menos 1.430 pessoas foram presas ao longo de 2023, sendo 400 detidas no dia do ato. Os golpistas que estavam acampados na frente do Quartel-General do Exército foram conduzidos a Academia Nacional de Polícia. Cerca de 770 pessoas foram soltas por serem idosas e mães de crianças menores.
Alguns autodeclarados patriotas fugiram para outros países, como é o caso dos refugiados da Argentina. Em março, o ministro do STF Nunes Marques negou o pedido de habeas corpus que visava a libertação de todos os prisioneiros dos atos golpistas.