Uma onda de distúrbios abala a paz no Haiti há dias. Gangues armadas aproveitaram o clima de instabilidade para invadir a prisão nacional na capital haitiana, Porto Príncipe, neste sábado (02), libertando a maioria dos quatro mil presos. De acordo com o relato de um jornalista local à BBC, pessoas envolvidas no assassinato do presidente Jovenel Moïse em 2021, também escaparam.
A noite de sábado
A embaixada francesa na capital haitiana emitiu um comunicado transmitido à agência de notícias AFP. “Na noite de sábado, um grupo de criminosos invadiu a penitenciária nacional de Porto Príncipe e permitiu a fuga de um número indeterminado de detidos”. A embaixada recomendou “prudência” e que as pessoas evitem deslocamentos.
O Sindicato da Polícia Nacional do país pediu que a força policial e os militares que possuam carros, armas e munições fossem à prisão para reforçar a segurança, de acordo com uma mensagem na língua crioulo na rede social X.
Ao menos uma dúzia de corpos foram encontrados após a fuga em massa. Alguns deles foram alvejados por balas ou projéteis, segundo um repórter da AFP que conseguiu adentrar a prisão, que estava “aberta” e não havia “quase ninguém”. Pierre Esperánce, o diretor-executivo da Rede Nacional dos Direitos Humanos (RNDDH), disse que muitos corpos de detentos foram contados.
Segundo relato do jornal Le Nouvelliste, dentre os prisioneiros que fugiram estão criminosos comuns, líderes de gangues e os acusados do assassinato do presidente Moïse, morto em 2021 com 12 tiros em sua própria casa. A prisão, localizada a alguns quarteirões do Palácio Nacional, era espionada pelos invasores desde a quinta-feira (29/02), com a ajuda de drones.
Clima inseguro em Porto Príncipe
Desde a última quinta-feira, a capital haitiana vem sofrendo ataques violentos por gangues que desejam a renúncia do atual primeiro-ministro, Ariel Henry, que está fora da capital no momento, informou o Le Nouvelliste.
As gangues se agrupam sob o slogan “Living Together” e realizam ataques coordenados em locais estratégicos de Porto Príncipe, como a prisão, o aeroporto internacional e prédios da polícia.
Desde o início dos ataques, pelo menos quatro policiais foram mortos e várias pessoas ficaram feridas. O Haiti sofre com uma grave crise humanitária há tempos e agora, com esses conflitos, a população local está ainda mais exposta à violência com a crise política e de segurança.