Pelo menos 86 pessoas morreram em ataques israelenses nas 24 horas anteriores ao meio-dia deste domingo (29), segundo autoridades locais. Em meio à escalada do conflito, Israel ordenou evacuações no norte da Faixa de Gaza, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pressiona por um cessar-fogo.
As autoridades orientaram os moradores da Cidade de Gaza e de Jabalia a seguirem para o sul, em direção à área costeira de al-Mawasi, enquanto a ofensiva israelense se intensifica e avança para o oeste da região.
Trump tenta um novo acordo
No sábado, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, estava negociando um acordo com o Hamas neste período. Enquanto isso, no domingo, o porta-voz do exército de Israel afirmou que as tropas estavam atuando no norte da Faixa de Gaza para eliminar grupos armados e suas bases.
Os bombardeios aumentaram durante a madrugada de sábado para domingo, destruindo várias casas. A defesa civil de Gaza, controlada pelo Hamas, disse que pelo menos 23 pessoas morreram apenas no domingo.
Entre os mortos, cinco estavam em uma tenda que abrigava pessoas deslocadas em al-Mawasi, no sul da Faixa de Gaza para onde muitos haviam fugido por orientação de Israel. Cinco membros da mesma família, os Maarouf, incluindo três crianças, morreram nesse ataque.
Também no domingo, um soldado israelense de 20 anos, o sargento Yisrael Natan Rosenfeld, morreu durante operações no norte da Faixa de Gaza. A intensificação dos ataques de Israel acontece no momento em que mediadores internacionais tentam avançar em um novo acordo para encerrar a guerra e libertar os reféns que ainda estão sob poder do Hamas.
Na quinta-feira (26), um alto representante do Hamas disse à BBC que os esforços de mediação aumentaram, mas que as negociações com Israel continuam travadas. Trump afirmou recentemente que está confiante de que um cessar-fogo em Gaza será firmado já na próxima semana.
Fim do cessar-fogo em Gaza
Em março, um cessar-fogo de dois meses não durou, pois Israel retomou os ataques para pressionar o Hamas a libertar os reféns. No mesmo período, o governo israelense impôs um bloqueio total à entrada de ajuda humanitária em Gaza. Esse bloqueio só começou a ser flexibilizado 11 semanas depois, após pressão de aliados dos EUA e alertas de especialistas sobre a fome enfrentada por cerca de meio milhão de pessoas.
Como parte da flexibilização, Israel e os Estados Unidos criaram a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), um grupo de ajuda. A medida veio após acusações de que o Hamas estaria desviando os suprimentos, algo que o grupo nega.
O último acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, que começou em 19 de janeiro, tinha três etapas, mas só a primeira foi cumprida. A segunda etapa previa um cessar-fogo permanente, a libertação dos reféns restantes em Gaza em troca de palestinos presos em Israel e a retirada total das tropas israelenses do território. Nada disso avançou.
Trump pediu a retirada das acusações de corrupção contra o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, classificando o processo como uma “caça às bruxas política” que, segundo ele, atrapalha as negociações de paz. Em resposta, o líder da oposição israelense, Yair Lapid, disse que Trump não deveria interferir no sistema judiciário de um país independente.
A guerra começou após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas em Israel e resultou em 251 reféns. Desde então, mais de 56.500 pessoas morreram em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas.