Haiti volta a passar por crise política após renúncia de seu primeiro-ministro

Mari Aldemira Por Mari Aldemira
3 min de leitura
Foto destaque: Pneus pegando fogo no Haiti (reprodução/Getty Images Embed)

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Gangue liderada por Jimmy ‘Churrasco’ Cherizier (foto: reprodução/Getty Images Embed)


Renúncia do primeiro-ministro

O primeiro-ministro do Haiti, Ariel Henry, anunciou na última segunda-feira 11 de março que renunciaria ao seu cargo. Sem poder voltar ao país por estar sob ameaça das gangues que o dominam no momento. O líder de uma desses grupos é Jimmy Churrasco, que diz que caberá ao povo do Haiti escolher o governante.

Com o ocorrido, a situação do Haiti piorou significativamente e o país agora vive uma crise política, humanitária e de segurança. O país então decretou estado de emergência e toque de recolher em sua capital Porto Príncipe depois de uma penitenciária ser atacada por gangues armadas. A situação fez com que milhares de detentos fugissem e 10 pessoas foram mortas durante o ataque.

Após renunciar à sua posição, o ex-primeiro-ministro deixou suas atribuições no cargo em responsabilidade de um conselho de transição instaurado pela Comunidade do Caribe (Caricom). Porém, existe uma disputa em relação ao poder no país, que fica entre o poder político e o poder das gangues armadas que atualmente prevalecem.  


Ariel Henry (foto: reprodução/Getty Images Embed)


Gangues tomaram o poder

Ariel Henry foi impedido pelas gangues de voltar ao país. As mesmas atacaram o aeroporto da capital para impedir que ele voltasse, o fazendo ficar em Porto Rico. Se engana quem pensa que as gangues tomaram repentinamente o poder no país, elas já começaram a se formar na década de 1990, como um braço armado de baixo custo para exercer para líderes políticos no cenário de frágeis instituições políticas.

Segundo o professor haitiano de Governo e Relações Internacionais na Universidade da Virgínia, Robert Fatton Jr: “As gangues começaram a ganhar autonomia nos últimos três anos, e agora são um poder por si só”. Ele afirma que a autonomia desses grupos atingiu um ponto crítico. E que agora elas são capazes de impor certas condições ao próprio governo.

O Haiti não tem exército permanente ou força policial nacional adequada há décadas. Além disso, nem intervenções da Organização das Nações Unidas (ONU), até mesmo com a ajuda e liderança do Brasil e Estados Unidos em algumas delas não foram suficientes para estabelecer instituições políticas fortes no Haiti. Com isso, líderes haitianos passaram a usar civis armados como ferramentas para exercer o poder. Até mesmo políticos passaram a usar as gangues para exercer seu poder em meio à crise.

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