Morreu na terça-feira (13) o ex-presidente do Uruguai José “Pepe” Mujica. O corpo começou a ser velado nesta quarta-feira (14), em Montevidéu. O velório começou com um cortejo fúnebre que seguiu pelas ruas da capital uruguaia, começando pela Praça da Independência, tendo passado por pontos como a sede do Movimento da Libertação Nacional.
Ao término do cortejo, o corpo foi conduzido à sede do Palácio Legislativo, local onde será velado em cerimônia aberta ao público. O sepultamento deve ocorrer na sexta-feira (16), quando diversos líderes mundiais, dentre os quais o presidente Lula, chegarão ao Uruguai. Yamandú Orsi, atual presidente uruguaio, e Lucia Topolansky, viúva do ex-presidente José Mujica, seguem o cortejo.
Morre no Uruguai aos 89 anos o ex-presidente José “Pepe” Mujica (Foto: reprodução/Instagram/@portalg1)
Após meses de luta contra um câncer no esôfago, Mujica morreu na terça-feira (13), aos 89 anos. No começo da semana, a mulher do ex-presidente revelou que ele estava em estado terminal e recebendo cuidados paliativos. No início do ano (janeiro), ao ser entrevistado pelo jornal “Búsqueda”, Mujica afirmou que gostaria de ser sepultado na chácara em que morava, nas proximidades de Montevidéu. O governo do Uruguai decretou luto oficial de três dias.
Símbolo da esquerda e vida comum
Nos anos 1960, tornou-se membro da guerrilha Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros. Após escapar duas vezes da prisão, Mujica, que atuava na clandestinidade, foi recapturado em definitivo no ano de 1972. Foi nesse período que Mujica foi ferido quatro vezes em confrontos com forças policiais. Em 1973, Mujica fazia parte do grupo Movimento de Liberação Nacional, que distinguiu-se anteriormente á instalação da ditadura militar uruguaia, chamando a atenção, pois assaltavam bancos e distribuíam comida e dinheiro aos pobres.
Totalizando 14 anos de sua vida atrás das grades, e também sofreu torturas, no ano de 1985, Mujica foi posto em liberdade após a divulgação de um decreto de anistia. No ano de 1994, foi eleito deputado e ajudou a fundar o partido de esquerda Movimento da Participação Popular (MPP). Já em 1999, chegou ao Senado, e em 2005 foi nomeado ministro da agricultura a convite do presidente eleito (e seu correligionário) Tabaré Vásquez (1940-2020).
Mujica se tornou presidente em 2010, governando o país até 2015. O político tornou-se ícone da esquerda sul-americana. Mujica levava uma vida simples, mesmo como chefe de Estado. Ao lado de sua mulher, Lucia Topolanski, morava em um sítio simples nas proximidades da capital e dirigia seu próprio fusca ano 1987 todos os dias até a sede do Executivo.
Uruguai se despede de José “Pepe” Mujica (Foto: reprodução/Instagram/@portalg1)
Legado deixado por Mujica
Quando assumiu a Presidência em 2010, Mujica elevou o gasto social de 60,9% para 75,5% dos gastos públicos. Ainda de acordo com sua visão política, o salário mínimo teve um aumento de 205%. Em 2012, Mujica propôs a legalização do consumo e venda da maconha, o que acabou ocorrendo no país.
Ao deixar a presidência, voltou ao Senado. Ficou no cargo até 2020. Renunciou por motivos de saúde, durante a pandemia de Covid-19. A partir do momento que Mujica se afasta da vida pública, passa a cuidar da sua horta. Acredita-se que doava 90% do salário como ex-presidente para projetos de combate à pobreza.
José Mujica declarava-se ateu. No ano de 2012 o ex-presidente uruguaio resumiu sua crença da seguinte maneira: “Não tenho religião, mas sou quase panteísta: admiro a natureza”.