Nesta sexta-feira (12), o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, anunciou que promotores federais iniciaram uma investigação para apurar a existência de “interferência” russa nas eleições para o Parlamento Europeu. Caso a acusação seja verdadeira, pode afetar o processo eleitoral em toda a União Europeia.
“O objetivo [da Rússia] é ajudar a eleger candidatos mais pró-russos para o Parlamento Europeu e reforçar uma certa narrativa pró-russa nessa instituição,” disse De Croo. “O enfraquecido apoio europeu à Ucrânia serve a Rússia no campo de batalha.”
Uma das características principais de candidatos “pró-russos“, seria o discurso para reduzir ou eliminar o suporte dado à Ucrânia, país ainda não-pertencente à União Europeia, e cujo território continua sendo invadido pela Rússia. De acordo com o primeiro-ministro belga, foi detectada a interferência em seu território nacional, mas não os supostos pagamentos com os quais foi financiada tal rede de influência.
Beneficitários da Rússia
Entre os principais partidos políticos que podem ter sido impulsionados pela interferência russa, estão o francês Rassemblement National, o austríaco Freedom Party e o alemão AfD, entre outros. Em comum, todos criticaram o apoio da União Europeia à Ucrânia, e estão projetados para ganhar mais votos nessa eleição.
De modo a remediar a situação antes de junho, data das eleições, as investigações pediram uma reunião urgente para a Cooperação Criminal e Justiça (Eurojust) discutir o caso, que deve ser tratado na próxima quarta-feira (17) em Bruxelas.
“A Bélgica é a sede das instituições europeias, temos uma responsabilidade e nossa responsabilidade é defender que o direito de todos os cidadãos a um voto livre e seguro possa ser mantido,” afirmou o primeiro-ministro belga.
Influência Russa
Neste mesmo ano, em março, a República Tcheca também denunciou uma rede de influência que havia sido financiada pela Rússia no seu território, e que então foi desmantelada. Mas até mesmo esse incidente não foi o primeiro de um país acusar a Rússia de interferir com o processo eleitoral internacional.
Já faz tempo que nações ocidentais tem acusado a Rússia de interferir com as suas eleições. Desde às eleições estadunidenses de 2016, quando investigações posteriores revelaram que a agência Glavset, em Saint Petersburg (Rússia), havia criado milhares de contas em redes sociais e atingido milhões de usuários de modo a espalhar a desinformação em favor de Donald Trump.
Em todos os casos, a Rússia negou as acusações.