O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, enviou seu ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi, a Moscou nesta segunda-feira (23), buscando reforço político e militar do Kremlin. A iniciativa ocorre após A medida foi tomada após os Estados Unidos conduzirem sua mais intensa operação militar contra a República Islâmica desde a revolução de 1979. Segundo fontes iranianas citadas pela Reuters, Khamenei pretende obter maior comprometimento da Rússia diante das ameaças crescentes por parte dos EUA e de Israel.
Preocupações com mudança de regime
A ação diplomática evidencia o aumento das tensões no Oriente Médio. Pronunciamentos de Donald Trump e de líderes israelenses sobre uma possível eliminação de Khamenei e substituição do regime ampliaram a inquietação entre aliados. “O país não ficou impressionado com o apoio da Rússia até o momento”, afirmaram fontes ouvidas pela Reuters, que também disseram esperar ações mais concretas do Kremlin contra a pressão ocidental.
Apesar de manter relações próximas com Teerã, a Rússia tem demonstrado moderação. Com seu exército envolvido na guerra na Ucrânia, Putin resiste a qualquer confronto direto com Washington. O governo russo confirmou a recepção do chanceler iraniano, mas não revelou detalhes sobre os assuntos discutidos. Em entrevista à agência TASS, Araqchi afirmou que os dois países estavam “coordenando posições sobre a atual escalada no Oriente Médio”, sugerindo alinhamento tático, mas não necessariamente militar.
Pronunciamento de Donald Trump sobre ataques dos Eua (Vídeo: reprodução/YouTube/@bandjornalismo)
Mediação e interesses nucleares
Putin já se ofereceu em outras ocasiões para mediar as tensões entre Teerã e Washington, propondo alternativas diplomáticas para garantir o acesso iraniano à energia nuclear civil. Conforme afirmou o presidente da Rússia, Israel garantiu a segurança dos especialistas russos envolvidos na construção de novos reatores em Bushehr. No entanto, o acordo de cooperação estratégica firmado no início do ano entre os dois países não prevê compromissos de defesa recíproca, o que reduz sua eficácia prática.
Em território russo, determinados grupos têm cobrado que o país adote uma atitude mais alinhada à dos Estados Unidos no caso ucraniano, oferecendo ao Irã armamentos, equipamentos de defesa aérea e suporte via satélite. No âmbito internacional, Rússia, China e Paquistão apresentaram uma proposta no Conselho de Segurança da ONU para um cessar-fogo imediato na região. Durante a sessão, o embaixador russo Vassily Nebenzia criticou os Estados Unidos: “Mais uma vez, somos solicitados a acreditar nos contos de fadas dos Estados Unidos”, declarou.

Putin se manifestou por meio de suas redes sociais (Foto: reprodução/x/@darthputinkgb)
Histórico de desconfiança e interesses mútuos
Apesar de manterem colaborações ocasionais, os laços entre Irã e Rússia são permeados por interesses divergentes e uma dose considerável de desconfiança. A compra de armamentos iranianos por Moscou e a assinatura de acordos bilaterais reforçam uma parceria pragmática, mas não necessariamente sólida. Enquanto o Irã pressiona por um engajamento mais firme, Moscou pondera com cautela os possíveis custos diplomáticos e militares de tal envolvimento. Diante de um cenário instável, ambos os países buscam garantir espaço de influência sem comprometer sua segurança nacional.