Israel aprova expansão e redesenha fronteiras da Cisjordânia

Israel deu um passo significativo para avançar com o polêmico projeto de assentamento E1, na Cisjordânia ocupada, ao aprovar a construção de 3.401 novas unidades habitacionais. O plano de Israel, travado por décadas devido à oposição global, prevê a ligação de Jerusalém ao assentamento de Maale Adumim, criando uma faixa contínua de construções israelenses que […]

14 ago, 2025
Foto destaque: Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aponta para o corredor Filadélfia em um mapa durante uma coletiva de imprensa no Gabinete de Imprensa (Reprodução/Abir Sultan /Getty Images Embed)
Foto destaque: Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, aponta para o corredor Filadélfia em um mapa durante uma coletiva de imprensa no Gabinete de Imprensa (Reprodução/Abir Sultan /Getty Images Embed)
Israel aprova 3.401 casas no projeto E1, que pode dividir a Cisjordânia, alterar fronteiras e dificultar a criação de um Estado palestino

Israel deu um passo significativo para avançar com o polêmico projeto de assentamento E1, na Cisjordânia ocupada, ao aprovar a construção de 3.401 novas unidades habitacionais. O plano de Israel, travado por décadas devido à oposição global, prevê a ligação de Jerusalém ao assentamento de Maale Adumim, criando uma faixa contínua de construções israelenses que cortaria o território palestino ao meio. Analistas apontam que a medida inviabilizaria a criação de um Estado palestino contíguo e comprometeria a possibilidade de Jerusalém Oriental tornar-se sua capital no futuro

Assentamento em território palestino

A aprovação ocorreu nesta quinta-feira (14) e deve receber sinal verde definitivo já na próxima semana. O projeto é visto por autoridades israelenses como parte de uma estratégia mais ampla de consolidação da soberania sobre a Cisjordânia, território ocupado desde 1967. Ao mesmo tempo, líderes palestinos classificam a iniciativa como uma ação sistemática para anexar terras, alterar a demografia local e impor realidades irreversíveis no terreno.

O proposta do E1 enfrenta críticas contundentes de organizações de direitos humanos e da comunidade internacional. A entidade israelense Paz Agora alertou que o avanço representa um “ponto de não retorno” para a solução de dois Estados, defendida em diversas resoluções da ONU. Segundo especialistas, a implementação do projeto isolaria comunidades palestinas, aumentaria as tensões e aprofundaria o ciclo de violência na região.

Embora os assentamentos israelenses na Cisjordânia sejam considerados ilegais pela lei internacional, mudanças na política externa dos Estados Unidos enfraqueceram o consenso sobre o tema. Durante o governo Trump, Washington abandonou a posição histórica de que as construções violavam o direito internacional, e a administração Biden manteve a orientação. Esse cenário tem sido interpretado por críticos como um sinal verde tácito para a expansão territorial.


Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, discursa diante de um mapa do Vale do Jordão (Foto: reprodução/Menahem Kahana/Getty Images Embed)


Aumentoda da instabilidade territorial

O anúncio ocorre em um momento de instabilidade, marcado pelo conflito em Gaza e pelo aumento da violência entre colonos israelenses e palestinos. Para diplomatas e observadores, a decisão de retomar o E1 amplia o risco de colapso das negociações de paz e aprofunda a divisão territorial e política.

Com a expectativa de aprovação final nos próximos dias, o projeto E1 pode redefinir o mapa da Cisjordânia e colocar novos obstáculos a qualquer acordo futuro, consolidando uma realidade que muitos consideram incompatível com a coexistência pacífica entre dois Estados.

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