O presidente da Argentina, Javier Milei, se manifestou, nesta segunda-feira (21), sobre a morte do Papa Francisco, falecido aos 88 anos. Em uma publicação nas redes sociais, o chefe de Estado argentino expressou pesar e relembrou o recente encontro que teve com o pontífice em fevereiro deste ano, no Vaticano.
“Apesar de diferenças que hoje parecem menores, ter podido conhecê-lo em sua bondade e sabedoria foi uma verdadeira honra para mim. Como Presidente, como argentino e, fundamentalmente, como um homem de fé, despeço-me do Santo Padre e me solidarizo com todos que hoje recebem essa triste notícia”, declarou Milei.
A Casa Rosada confirmou que o presidente viajará a Roma para participar do funeral de Francisco, que ainda não tem data anunciada oficialmente. Guillermo Francos, chefe de gabinete da Nação Argentina, informou que parte da agenda presidencial será suspensa nos próximos dias para viabilizar a presença de Milei na cerimônia.
Mudança de tom após campanha marcada por críticas
Durante a campanha eleitoral de 2023, Javier Milei protagonizou duras críticas ao papa, chegando a chamá-lo de “imbecil que defende a justiça social”. O discurso agressivo fazia parte de sua retórica contra o que ele chamava de “intervencionismo estatal e clerical”. No entanto, ao assumir a presidência, Milei passou a adotar um tom mais conciliador em relação ao pontífice.
A visita ao Vaticano foi simbólica. Com presentes e doces, o presidente argentino buscou demonstrar respeito e iniciar uma nova fase na relação com Francisco. O encontro ocorreu em um momento crítico para a Argentina, que enfrenta sua pior crise econômica em décadas, com inflação acima de 200% e dificuldades políticas após a rejeição de um pacote de reformas no Congresso.
Reencontro entre fé e política marca despedida
O gesto de Milei ao lamentar a morte do papa e confirmar sua presença no funeral representa mais que uma formalidade diplomática. É também uma tentativa de unir diferentes setores da sociedade argentina diante de uma perda significativa para o país e para o mundo católico.
Francisco, nascido Jorge Mario Bergoglio, foi o primeiro papa latino-americano e permaneceu próximo das questões sociais da Argentina ao longo de seu pontificado. Sua relação com o poder político local sempre foi complexa, mas respeitosa. Agora, com sua partida, Milei demonstra que, apesar das diferenças, reconhece a importância histórica e espiritual do pontífice para a Argentina e para o mundo.