Julgamento de Trump em caso envolvendo atriz pornô começa nesta segunda

Fernanda Eirão Por Fernanda Eirão
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Foto destaque: ex-presidente Trump enfrenta acusações de fraudes contábeis envolvendo atriz de filmes adultos (Reprodução/Library of Congress/Unsplash)

A repercussão de um escândalo sexual para um político nos Estados Unidos é bem diferente do que no Brasil. O ex-presidente – e candidato Republicano para 2024 – Donald Trump vira réu por esconder pagamentos à atriz de filmes adultos Stormy Daniels em 2016, quando ele venceu as eleições. O julgamento começa nesta segunda-feira (15). A acusação vem da promotoria de Nova York e é um dos quatro processos criminais pelos quais Trump responde na Justiça.

As acusações contra Trump

Trump responde o total de 34 acusações, cada uma punível com até quatro anos de reclusão, totalizando uma sentença de mais de 130 anos. Trump declarou-se inocente e afirmou ser vítima de perseguição política por parte dos Democratas, numa tentativa do partido rival de impedir sua volta à Casa Branca.

As eleições americanas acontecem em 5 de novembro deste ano e será uma disputa entre Donald Trump e o atual presidente, Joe Biden, que pertence ao Partido Democrata. O julgamento deve começar às 09h30 no horário local, na cidade de Nova York. As sessões devem durar até 16h30, começando hoje e terminando nesta quarta-feira (17).

De acordo com a acusação, durante a parte final de sua campanha presidencial de 2016, Trump tentou abafar uma relação sexual extraconjugal que teve dez anos antes com Stormy Daniel, uma ex-atriz pornô. O candidato teria pagado US$130 mil (cerca de R$660 mil na cotação atual) para comprar o silêncio da atriz.


Donald Trump e Stormy Daniels
O ex-presidente foi acusado de mascarar pagamentos à atriz pornô durante sua campanha (Foto: reprodução/Joe Radelle/Gabe Ginsberg/Getty Images embed/Montagem por Fernanda Eirão)

As acusações em si não configurariam um crime, mas a promotoria afirma que Trump maquiou o pagamento como se fossem os honorários de seu advogado. Portanto, o ex-presidente está sendo julgado por esconder o valor nos registros contábeis do que seria uma despesa de campanha, já que dinheiro desembolsado por Trump teria como fim esconder uma informação que poderia prejudicá-lo nas urnas.  

O pagamento foi feito a Michael Cohen, que na época era seu advogado pessoal, mas hoje, os dois são inimigos mortais. Cohen foi um dos maiores defensores de Trump por mais de uma década, mas quando uma investigação do FBI começou a fechar o cerco em Cohen, o advogado mudou seu discurso. Ele confessou ter cometido fraudes fiscais com o aval de Trump, incluindo o pagamento a uma modelo da Playboy Karen McDougal, que afirma também ter tido um caso extraconjugal com Trump.

Como havia um grupo de pessoas envolvidas no esquema, Trump também enfrenta acusações de uma conspiração “para fraudar a eleição presidencial e mentir em documentos comerciais” para encobrir a verdade, segundo o promotor distrital de Manhattan, Alvin Bragg. Os promotores são eleitos para o cargo nos Estados Unidos e Bragg faz parte do partido adversário de Trump.

A defesa afirma que Donald Trump fez os pagamentos porque estava sendo extorquido, mas a acusação diz que Trump já fez isso duas outras vezes, configurando uma prática recorrente do político e por isso, os eleitores americanos foram enganados nas eleições presidenciais de 2016.

Como será o julgamento

O processo estava em um certo “limbo” jurídico há bastante tempo na Promotoria de Manhattan. De acordo com especialistas, este é o caso mais fraco do qual Trump é acusado. Entretanto, a repercussão do julgamento pode afetar significativamente a imagem de Trump para as eleições deste ano.

Os outros processos de Trump foram adiados e provavelmente serão julgados após as eleições. Os advogados de Trump até tentaram manobras para adiar este processo também, incluindo um pedido de afastamento do juiz Juan Merchan do caso, mas não obtiveram sucesso.


A seleção do júri é uma etapa de extrema importância antes do julgamento e pode selar o destino de Trump nas eleições (Foto: reprodução/Pool/Getty Images embed)


Se tudo correr como o planejado, o julgamento se inicia nesta segunda-feira com a escolha de 12 membros do júri, processo que pode durar até duas semanas. Estes cidadãos serão mantidos em anonimato, por motivos de segurança, e decidirão o destino do ex-presidente durante um julgamento que pode durar entre seis e oito semanas.

O caso não será transmitido, mas o público americano pode assistir, assim como a imprensa. O ônus da prova sempre recai sobre a acusação e pode ser difícil de provar a ligação com a campanha eleitoral. Se provado o dolo eleitoral, o candidato republicano pode enfrentar uma atribulada campanha rumo ao segundo mandato presidencial. Mas independentemente do resultado final, todos estarão acompanhando se Donald Trump sairá destas acusações fortalecido ou derrotado.

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