O julgamento envolvendo Donald Trump e a atriz de filmes adultos Stormy Daniels teve seu júri escolhido na última sexta-feira (19). Foram escolhidos 12 jurados e seis suplentes. O processo entra nesta segunda-feira (22) na fase de apresentação de argumentos por parte da acusação e testemunhas. Será o primeiro de quatro julgamentos criminais envolvendo o ex-presidente por esconder nos livros contábeis pagamentos feitos à estrela pornô durante sua campanha em 2016. A expectativa é de que o julgamento dure cerca de seis semanas.
As testemunhas do caso
O juiz do caso, Juan Merchan, completou a formação de jurados no caso de Trump. Foram quatro dias de seleção, 200 candidatos e uma complicação na fase final na escolha do júri. Duas candidatas pré-selecionadas começaram a chorar durante o interrogatório final e foram dispensadas e substituídas.
Com essa etapa completada, agora a promotoria e a defesa irão apresentar o caso ao júri selecionado para, depois, ouvirem o relato da primeira testemunha de acusação, que se espera que seja David Pecker, o ex-editor do tabloide National Enquirer. Dentre as testemunhas-chave do caso também estão a atriz Stormy Daniels, que teria recebido dinheiro de Trump por seu silêncio, e Michael Cohen, o ex-advogado de Trump cujo nome está implicado na fraude nos livros contábeis.
David Pecker chefiou a editoria do tabloide de 1999 a 2020 e teria informações privilegiadas do esquema de pagamentos de Trump (Foto: reprodução/Karjean Levine/Getty Images embed)
De acordo com a promotoria, Pecker é um amigo antigo de Trump e se reuniu com ele e Cohen na Trump Tower em 2015 para discutirem o uso do periódico na qual era editor para suprimir histórias negativas a respeito de Trump, comprando direitos exclusivos de publicação das mesmas, mas nunca divulgando-as.
Tanto Pecker quanto a American Media forneceram detalhes sobre o pagamento feito por Michael Cohen a Stormy Daniels após o advogado ser intimado pelo FBI em abril de 2018, disseram os promotores. Pecker recebeu imunidade em troca de seu testemunho sobre o que sabia sobre o pagamento.
Relembre detalhes do caso
Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos em 2016. Durante a parte final de sua campanha, segundo a acusação, Trump tentou abafar uma relação sexual extraconjugal que teve dez anos antes com a estrela pornô Stormy Daniels, cujo verdadeiro nome é Stephanie Clifford. O candidato teria pagado US$ 130 mil (cerca de R$ 660 mil na cotação atual) para comprar o silêncio da atriz.
Donald Trump maquiou o pagamento como se fossem os honorários de seu advogado. Portanto, o ex-presidente está sendo julgado por esconder o valor nos registros contábeis do que seria uma despesa de campanha, já que dinheiro desembolsado por Trump teria como fim esconder uma informação que poderia prejudicá-lo nas urnas.
Uma repercussão negativa do julgamento de Trump pode afetar sua campanha nas eleições presidenciais deste ano (Foto: reprodução/Alex Wong/Getty Images embed)
E Daniels não teria sido a única a receber dinheiro de Trump por seu silêncio. A ex-modelo da Playboy Karen McDougal disse à American Media, liderada na época por Pecker, que Trump lhe pagou U$ 150 mil em 2016 para esconder um caso que tiveram em meados dos anos 2000. Trump nega ter tido um caso com ela e não foi acusado desse suposto pagamento, mas a promotoria irá usar o depoimento de McDougal para oferecer contexto sobre a prática de Trump enterrar notícias negativas a seu respeito.
Trump também se declarou inocente das 34 acusações criminais de falsificação de registros comerciais, que podem levar a uma sentença de mais de 100 anos de prisão. A intenção dos promotores é provar que Trump pretendia infringir a lei para garantir uma condenação ao ex-presidente que, se julgado culpado, pode ter sua campanha nas eleições americanas severamente afetadas.