O tenente-coronel Mauro Cid afirmou nesta segunda-feira (9) que a deputada Carla Zambelli levou o hacker Walter Delgatti Neto para um encontro com Jair Bolsonaro. Segundo Cid, a reunião abordou possíveis vulnerabilidades das urnas eletrônicas e possíveis fraudes no sistema eleitoral. Este primeiro encontro aconteceu no Palácio da Alvorada.
O delator da trama golpista foi o primeiro réu a depor na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal. Logo, ele revelou que o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, organizou o encontro a pedido de Bolsonaro. O ex-presidente teria orientado o general a se reunir novamente com Delgatti, desta vez no Ministério da Defesa.
Dessa forma, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro informou ainda que os integrantes do plano não identificaram nenhuma fraude nas urnas eletrônicas após as eleições de 2022. Além disso, destacou que o Partido Liberal (PL) não encontrou nenhuma irregularidade no sistema eleitoral.
Após Cid, STF ouvirá Ramagem; Bolsonaro depõe entre terça e quarta-feira
Após o depoimento de Mauro Cid, Alexandre Ramagem será o próximo a prestar esclarecimentos ao STF. Em seguida, será a vez de Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Importante lembrar que a Suprema Corte organizou os depoimentos seguindo a ordem alfabética dos réus.
Entretanto, o Supremo só deve ouvir Bolsonaro na terça-feira (10/6) ou na quarta-feira (11/6). Na semana passada, o ex-presidente afirmou que não pretende “desafiar” a Justiça. “Não vou ao STF para desafiar ninguém. Estarei lá com a verdade ao nosso lado”, declarou durante um evento do PL Mulher em Brasília.
Zambelli perde recursos e é incluída na lista da Interpol
O STF determinou, na última sexta-feira (6/6), a prisão de Carla Zambelli após rejeitar os recursos apresentados pela deputada. A decisão confirma a condenação de 10 anos de prisão pela invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsificação de documentos. Além da pena, Zambelli perderá o mandato de deputada federal e já teve seus bens bloqueados. A parlamentar deixou o Brasil antes da decisão final e, por isso, a Interpol a incluiu na lista de procurados, dificultando sua permanência no exterior.
A condenação foi reforçada pelo ministro Alexandre de Moraes, que converteu a prisão preventiva em definitiva e notificou a Câmara dos Deputados para oficializar a perda do mandato. Zambelli alega perseguição política e contesta a legalidade da decisão, mas o STF considera o caso encerrado, sem possibilidade de novos recursos.