Nesta terça-feira (8), a Anistia Internacional revelou que o mundo registrou, em 2024, o maior número de execuções por pena de morte em quase uma década. Segundo o relatório divulgado pela organização, foram 1.518 execuções no ano passado, um aumento de 32% em relação a 2023. A maior parte delas se concentrou em três países: Irã, Iraque e Arábia Saudita, responsáveis por 91% dos casos oficialmente documentados.
O aumento alarmante das execuções em 2024
O Irã aparece como o principal executor, com 972 mortes registradas, número que representa 64% de todas as execuções conhecidas. Muitas dessas sentenças, de acordo com a Anistia, foram motivadas por repressão política, atingindo inclusive manifestantes do movimento “Mulher, vida, liberdade” que foram sentenciados à morte, incluindo um jovem com deficiência mental. Na Arábia Saudita, a pena capital continua sendo aplicada para silenciar dissidentes e membros da minoria xiita. O Iraque também surpreendeu pelo salto expressivo no número de execuções, que passou de 16 para 63 em apenas um ano.
Irã executa sete pessoas em praça pública (Foto: reprodução/ISNA/AFP/Getty Images Embed)
Segredo, repressão e o uso político da pena de morte
Embora o relatório traga números preocupantes, ele também destaca o silêncio e a falta de transparência de países como China, Coreia do Norte e Vietnã conhecidos por aplicarem a pena de morte, mas que não divulgam dados confiáveis. A China, segundo a Anistia, continua sendo o país que mais executa pessoas no mundo, embora as cifras oficiais permaneçam fora do alcance público. Outro dado alarmante diz respeito ao uso da pena capital em crimes relacionados a drogas, que representam mais de 40% das execuções globais.
A Anistia alerta para a tendência preocupante de alguns países em reverter avanços: Maldivas, Nigéria e Tonga estudam reintroduzir a pena de morte para crimes ligados ao tráfico de drogas, enquanto República Democrática do Congo e Burkina Faso avaliam restaurar as execuções para crimes comuns.
Apesar do cenário, a Anistia reforça que a maioria do mundo segue em caminho oposto. Atualmente, 145 países aboliram ou deixaram de aplicar a pena de morte. “A pena de morte é um crime atroz que não tem lugar no mundo atual”, declarou Agnès Callamard, secretária-geral da organização, que pede mais pressão internacional e solidariedade às vítimas de regimes opressores.