O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou nesta terça-feira (4), durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, que acredita na possibilidade de um acordo de paz com a Arábia Saudita. Ao lado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Netanyahu afirmou que “a paz entre Israel e a Arábia Saudita não só é viável, como vai acontecer”.
Trump, por sua vez, revelou que discutiu com líderes do Oriente Médio uma proposta de deslocamento da população palestina da Faixa de Gaza e que, segundo ele, a ideia teria recebido apoio. “Os outros líderes adoram a ideia”, declarou o presidente americano, sem fornecer mais detalhes sobre o possível plano.
Resistência saudita
Apesar da declaração de Netanyahu, o governo saudita reafirmou sua postura sobre a questão palestina e rejeitou qualquer plano que envolva a remoção dos palestinos de seus territórios.
Em um comunicado emitido na quarta-feira (5), o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita afirmou que sua posição “não é negociável” e reforçou que uma solução justa para a Palestina deve estar alinhada com as resoluções internacionais.
“O Reino da Arábia Saudita sublinha que esta posição inabalável não está sujeita a compromissos. Não há possibilidade de alcançar uma paz duradoura e justa sem que o povo palestino obtenha seus direitos legítimos, conforme já foi esclarecido anteriormente tanto para a administração passada quanto para a atual dos EUA”
Reino da Arábia Saudita
O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman reforçou essa posição de forma enfática, declarando que a política saudita sobre o tema “é clara e explícita”, não deixando espaço para interpretações diferentes ou concessões.
Guerra em Gaza
O debate sobre o deslocamento dos palestinos é uma questão extremamente delicada na região. Durante os confrontos na Faixa de Gaza, muitos palestinos temem sofrer uma nova “Nakba” – termo árabe que significa “catástrofe” –, em referência ao êxodo forçado de centenas de milhares de palestinos durante a guerra que levou à criação do Estado de Israel, em 1948.
A guerra em Gaza, iniciada em outubro de 2023, alterou significativamente o cenário diplomático no Oriente Médio. Até então, os Estados Unidos vinham conduzindo negociações para que a Arábia Saudita normalizasse relações com Israel, seguindo os passos de países como Emirados Árabes Unidos e Bahrein, que assinaram os chamados Acordos de Abraão em 2020.
Contudo, diante da ofensiva israelense em Gaza, a capital da Arábia Saudita, Riade, suspendeu qualquer avanço nesse sentido. O governo saudita vem adotando uma postura crítica em relação às ações de Israel no conflito e classificou os ataques contra civis palestinos como “genocídio coletivo”.
O governo Trump busca manter Israel e Arábia Saudita alinhados, mas a crescente pressão da comunidade internacional e o agravamento da crise humanitária em Gaza tornam essa aproximação cada vez mais difícil. Enquanto Netanyahu mantém a esperança de um acordo de paz, as posições intransigentes de ambos os lados indicam que as negociações ainda estão incertas.