No segundo dia de ataque do exército de Israel à cidade de Rafah, cerca de 45 pessoas morreram neste domingo (26). A informação foi divulgada nesta segunda-feira (27) pelo Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas. O ataque também deixou dezenas de feridos e destruiu tendas humanitárias após as explosões. A cidade abriga cerca de 1,5 milhão de realocados palestinos da guerra Israel-Hamas.
O ataque em Rafah
Segundo publicação feita pelo exército de Israel, o ataque aéreo tinha como alvo um complexo do Hamas em Rafah e os locais atingidos eram legitimados sob as leis internacionais, pois as forças do país tinham “informações precisas” que indicavam que a área era utilizada pelo grupo. Dois líderes do grupo terrorista foram mortos durante a operação. O exército israelense diz estar ciente dos civis feridos e analisa o caso.
Na sexta-feira passada, a Corte Internacional de Justiça, o mais alto tribunal da ONU, ordenou que Israel cessasse todas as operações militares em Rafah. A corte também determinou que o governo israelense permitisse o acesso da ajuda humanitária e de observadores externos, para monitorar a situação, pela fronteira entre o sul de Gaza e o Egito. A sentença é obrigatória, mas o tribunal não possui força policial para garantir que o país cumpra a decisão.
Rafah tem sido bombardeada por Israel desde o início do ano. Agora, com os novos ataques, o país mostra que está descumprindo as ordens do tribunal internacional (Foto: reprodução/AFP/Getty Images Embed)
Em resposta à determinação da corte, o governo replicou que as alegações apresentadas eram “falsas, ultrajantes e nojentas” e que a campanha deles apenas opera em áreas específicas, sem arriscar a vida de civis da cidade. O Hamas comunicou que apoia o plano do tribunal de enviar representantes à Faixa de Gaza e que irá cooperar. Caminhões de ajuda humanitária vindos da fronteira de Kerem Shalom, controlada por Israel, começaram a entrar no território neste domingo (26). O Egito se recusa a coordenar a entrega da ajuda por Rafah enquanto o lado palestino da passagem for controlado por Israel, deixando a tarefa para as autoridades israelenses e para a ONU.
Ainda no domingo (26), o Hamas lançou foguetes contra a capital israelense, Tel Aviv, soando as sirenes e urgindo os cidadãos a se protegerem pela primeira vez em quatro meses. Israel afirma que pelo menos oito foguetes foram disparados e vários outros foram interceptados.
A importância de Rafah na guerra
Desde o início do conflito entre Israel e o Hamas, a cidade de Rafah foi o principal ponto de comunicação entre Gaza e o restante do mundo. A cidade também é a principal entrada de ajuda humanitária para os palestinos e o ponto de saída de estrangeiros e reféns libertados durante o cessar-fogo de novembro de 2023. Com o avançar do confronto, Rafah virou o último refúgio dos que tentam escapar dos horrores da guerra, com a cidade recebendo mais e mais refugiados, chegando ao número de 1,5 milhão.
A população local se reuniu em Ramallah para protestar contra os ataques de Israel no acampamento palestino (Foto: reprodução/Zain Jaafar/Getty Images Embed)
Israel também acredita que a cidade seja o último reduto do grupo terrorista, que teria inclusive uma rede de túneis na cidade. Com os novos ataques, a população israelense volta a pressionar o governo por um acordo de libertação dos reféns em Gaza e um cessar-fogo. O Egito e o Catar continuam a intermediar um acordo entre os dois, mas ainda não houve progresso nas negociações.