A coalizão de oposição ao atual governo da Venezuela contestou e não reconheceu a decisão do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) de declarar Nicolás Maduro como o vencedor das eleições no país. O candidato da oposição Edmundo González disse “Nossa luta continua, e não descansaremos até que a vontade popular seja respeitada“, em seu discurso após os resultados das eleições.
Além disso, a líder da oposição María Corina Machado, impedida de concorrer no pleito, também havia dito anteriormente que o resultado anunciado pelo CNE vai contra as pesquisas internas que apontavam para a vitória da oposição com uma grande margem em relação a Maduro. “Queremos dizer ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia“, afirmou Machado. “Espero que todos se mantenham firmes, orgulhosos do que fizemos, porque nos próximos dias vamos anunciar ações para defender a verdade.“, disse María completando sua fala anterior.
Vitória em todos os estados
Machado declara que a oposição ganhou em todos os estados do país que os resultados esperados dariam a vitória a González com cerca de 70% dos votos contra 30% dos governistas. A política afirmou que essa foi a eleição presidencial com margem de vitória mais extensa. Segundo a oposicionista, havia três pesquisas “independentes e autônomas” que mostravam a vitória da oposição. Os resultados também seriam condizentes com quatro “recounts” (contagens rápidas) e aos boletins de urna acessados pela campanha.
“Neste momento, temos mais de 40% das atas. Vou dizer algo a vocês: 100% das atas que transmitiu o CNE, nós as temos. Não sei de onde saíram as outras”, disse a líder opositora, insinuando fraude no anúncio dos resultados. “Todas as que transmitiram, a gente as tem. E toda essa informação coincide. Sabe no quê? Em que Edmundo González Urrutia obteve 70% dos votos desta eleição, e Nicolás Maduro, 30% dos votos.”
Questionamento dos resultados
O CNE afirmou que Nicolás Maduro foi o vencedor das eleições, com 51,2% dos votos com 80% das urnas apuradas. A oposição denunciou irregularidades na apuração dos votos e por isso pediu aos apoiadores para fazerem uma vigília nos locais de votação para viabilizar uma contagem paralela dos votos. O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse que os resultados divulgados foram “difíceis de crer” e que “do Chile, não reconheceremos nenhum resultado que não seja verificável”. A votação ocorreu sem grandes episódios de violência, com longas filas em vários locais de votação. Os eleitores estavam aguardando na fila mesmo após o fim do horário final.
Maduro votando no dia 28 (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Anadolu)
O presidente Nicolás Maduro foi eleito em 2018 recebendo 6.248.864 votos, correspondente a 67,85% dos votos válidos. A votação teve a participação de somente 46% do eleitorado. Os resultados foram questionados pela oposição e por entidades internacionais. O contexto era, e ainda é, de profunda crise econômica e humanitária na Venezuela. Em 10 anos, o Produto Interno Bruto (PIB) venezuelano caiu 80%, fazendo mais de 7 milhões de pessoas deixarem o país.