A Polícia Federal (PF) divulgou detalhes de uma reunião ocorrida em julho de 2022 entre a “alta cúpula” do governo Bolsonaro, que tem gerado repercussão pelas falas controversas e acusações de disseminação de desinformação e ataques à Justiça Eleitoral. O vídeo dessa reunião foi encontrado em um computador apreendido na casa de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. O encontro levanta questões sobre a conduta do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus auxiliares em relação ao processo eleitoral.
Reunião estratégica para minar adversários políticos
Segundo as investigações da PF, a reunião teve como objetivo principal cobrar dos presentes uma atuação ativa na promoção da desinformação e ataques à Justiça Eleitoral. Participaram da reunião o então presidente Jair Bolsonaro, Anderson Torres (na época ministro da Justiça), Augusto Heleno (ministro do Gabinete de Segurança Institucional), Paulo Sérgio Nogueira (ministro da Defesa) e outros membros do governo.
Durante o encontro, Bolsonaro teria admitido a possibilidade de uma vitória de Lula no primeiro turno, reconhecendo a legitimidade das pesquisas eleitorais e contradizendo suas declarações anteriores de questionamento aos institutos de pesquisa. Além disso, ele discutiu a convocação de embaixadores para denunciar supostas fraudes no sistema eleitoral brasileiro, o que posteriormente contribuiu para sua inelegibilidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.
Bolsonaro também teria pressionado seus ministros a participarem ativamente na disseminação de informações fraudulentas, numa tentativa de reverter a situação desfavorável na disputa eleitoral. “Daqui pra frente, quero que todo ministro fale o que eu vou falar aqui“, teria afirmado o ex-presidente.
Manifestações de outros membros do governo
Augusto Heleno defendeu ações enérgicas antes das eleições e propôs medidas para minar instituições e indivíduos considerados adversários do grupo bolsonarista.
Anderson Torres utilizou o exemplo da Bolívia para justificar uma abordagem questionável por parte do governo e repetiu argumentos infundados sobre possíveis irregularidades nas urnas eletrônicas. Paulo Sérgio Nogueira classificou o TSE como “inimigo” e apoiou as acusações sem fundamento contra o órgão.
A divulgação desses detalhes pela Polícia Federal representa mais um capítulo na investigação sobre as ações do governo Bolsonaro em relação ao processo eleitoral de 2022, e deve gerar debates e análises sobre os limites éticos e legais da atuação dos líderes políticos durante campanhas eleitorais. Em entrevista cedida a jornalista Mônica Bergamo no dia de hoje, Bolsonaro revelou que tem 24 horas para entregar seu passaporte.