Porta-voz da UNRWA diz que a morte é certa para milhões de palestinos

Fernanda Eirão Por Fernanda Eirão
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Foto destaque: os refugiados palestinos em Gaza enfrentam constantes ameaças em meio ao conflito no território (Reprodução/Mahmud Hams/AFP/Getty Images embed)

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA) é uma agência que presta assistência humanitária e seu trabalho tem sido de grande importância para os 2,4 milhões de refugiados que vivem na Faixa de Gaza.

Sua porta-voz, a agente sênior de comunicações Louise Wateridge, disse à Agência France-Presse (AFP) nesta terça-feira (20) que “a morte parece ser a única certeza” para os habitantes da região. Wateridge dá um recorte de um conflito que, desde 2023, já matou cerca de 40 mil pessoas.

Ameaça à segurança

Segundo a AFP, nenhum jornalista internacional tem autorização para adentrar o território por Israel, que lança ataques incessantes para eliminar os integrantes do grupo terrorista Hamas. Os palestinos da Faixa de Gaza foram forçados a se deslocar para fugir dos bombardeios, muitas vezes se abrigando em escolas, que servem como acampamentos improvisados.

“Temos a impressão de que as pessoas estão à espera da morte, que parece ser a única certeza nessa situação“, disse Louise, que acredita que nem mesmo estas instituições estão a salvo de ataques, já que nesta terça 12 pessoas morreram em uma escola. Segundo ela, os refugiados têm a impressão de andar em círculos, que as ordens de deslocamento são constantes.


Os palestinos refugiados são obrigados a deslocar em meio ao conflito Israel-Hamas (Foto: Reprodução/Mahmud Hams/AFP/Getty Images Embed)


Os palestinos relataram à AFP que estão esgotados e não querem mais se deslocar, com alguns denunciando a falta de clareza dos mapas israelenses contendo ordem de evacuação, que esses mapas são lançados de aviões ou disponibilizados pela internet, em um território com falta de eletricidade e com redes de comunicação que não funcionam bem.

Risco de doenças

Além de todas as dificuldades trazidas pela guerra, como desabastecimento e o iminente risco à vida, o povo palestino precisa se preocupar com os riscos à saúde. Louise Wateridge reporta que ratos, escorpiões e baratas levam doenças de um abrigo a outro. Ela destaca que o vírus da poliomielite, erradicado há 25 anos no território, voltou a mazelar a população infantil.

A ONU aguarda autorização de Israel para lidar com a situação e garantir a vacinação para crianças menores de dez anos. A porta-voz ressalta: “há desafios terríveis e sem precedentes em termos de propagação de doenças e higiene, devido, em parte, ao cerco imposto por Israel“.

Mesmo com todos estes desafios, Louise afirma que os habitantes de Gaza esperam por um cessar-fogo. O Egito, Catar e Estados Unidos têm agido como mediadores para a negociação com Israel e realizam nesta semana um novo esforço para conseguir uma trégua com o movimento islamista palestino.

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