O preço do café moído no Brasil disparou, registrando um aumento de 77,78% nos últimos 12 meses até março, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A alta expressiva coloca o café como um dos principais vilões da inflação no país, impactando diretamente o bolso do consumidor.
Traçando um comparativo entre os meses de fevereiro e março, o preço do café moído subiu 8,14%. No acumulado de 2025, o aumento já chega a 30,04%.
O cenário preocupa especialistas e principalmente os consumidores, que já sentem o peso no orçamento familiar.
Fatores que contribuíram para a escalada dos preços
No cenário global, a queda na oferta, impulsionada por problemas climáticos no Vietnã, pressiona os preços para cima. O país asiático é o maior produtor mundial de café robusta.
Já o Brasil enfrenta desafios com a safra de arábica. A variedade mais consumida no país tem queda prevista de 10,6% em 2025.
As condições climáticas adversas, como o calor e a seca que atingiram as principais regiões produtoras de café no Brasil, têm prejudicado a produção e elevado as despesas para os produtores, que têm aberto cada vez mais espaço para mercados internacionais, o que também afeta o preço da bebida.
Produtor colhendo grãos de café (Foto: Douglas Magno/AFP/Getty Images embed)
Além disso, o aumento dos custos de logística, impulsionado pelos conflitos no Oriente Médio, encareceram o valor dos contêineres, o principal meio de transporte do produto.
Entretanto, mesmo com o encarecimento, o brasileiro não abre mão da bebida. O consumo de café torrado e moído no país cresceu 1,1% entre 2023 e 2024, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).
Previsão nada animadora para o decorrer do ano
A previsão é que o preço continue em alta ao longo de 2025.
A safra brasileira deve ser 5,8% menor em relação ao ano anterior, o que deve manter a oferta restrita e pressionar os preços. Em contrapartida, a expectativa é que a safra de 2026 seja recorde, o que pode trazer alívio para o consumidor.
Diante da alta nos preços, a indústria do café busca alternativas para minimizar o impacto no mercado. Algumas empresas estudam a adoção de novas embalagens, com variações no peso do produto, para oferecer diferentes faixas de preço.
As cinco capitais com a maior elevação nos valores
Duas capitais registraram aumento nos preços superior a 100%, significativamente maior do que a média brasileira.
Conforme o IPCA, Belo Horizonte (MG) e Goiânia (GO) apresentaram as maiores elevações, com altas de 100,72% e 100,46%, respectivamente.
Aracaju (SE) com 91,95%, Vitória (ES) que assinalou alta de 88,96% e Curitiba (PR), com acréscimo de 87,97%, completam a lista das cinco capitais com os maiores aumentos no preço do café.