O promotor do condado de Los Angeles, Nathan Hochman, declarou que só apoiará a redução de pena dos irmãos Lyle e Erik Menendez se ambos admitirem integralmente as mentiras relacionadas ao assassinato de seus pais em 1989. Após 35 anos de prisão, os irmãos enfrentam um novo obstáculo em sua busca por liberdade.
A decisão de Hochman contrasta com a postura anterior do promotor George Gascón, que apoiava a reclassificação da condenação dos irmãos. A audiência de reclassificação de pena está marcada para os dias 20 e 21 de março de 2025.
Histórico do caso Menendez
Em 20 de agosto de 1989, Lyle e Erik Menendez assassinaram seus pais, José e Mary “Kitty” Menendez, na mansão da família em Beverly Hills. O crime chocou a sociedade americana, especialmente devido à posição de destaque de José na indústria fonográfica e de entretenimento.
Inicialmente, os irmãos tentaram simular um ataque da máfia, mas, posteriormente, confessaram o crime, alegando anos de abusos físicos e sexuais por parte dos pais.
Durante o primeiro julgamento, iniciado em 1993, a defesa apresentou evidências e testemunhos que corroboravam as alegações de abuso. No entanto, o júri não chegou a um veredicto, resultando em um segundo julgamento. Em 1996, os irmãos foram condenados por homicídio em primeiro grau e sentenciados à prisão perpétua, sem possibilidade de liberdade condicional.
Repercussão e novas evidências
O caso voltou a ganhar destaque em 2024 com o lançamento da minissérie “Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez” pela Netflix, que apresentou novas evidências corroborando a versão dos irmãos sobre os abusos sofridos.
Essa exposição renovada gerou debates sobre a possibilidade de reavaliação das sentenças. O então promotor George Gascón apoiou a reclassificação da condenação, mas sua saída do cargo e a entrada de Nathan Hochman mudaram o cenário.

Ademais, em outubro de 2024, surgiram novas evidências que poderiam levar à revisão das sentenças dos irmãos Menendez. Essas evidências indicam que Erik e Lyle realmente foram molestados pelo próprio pai, José Menendez. O promotor Nathan Hochman afirma que se vê diante de uma “obrigação moral e ética” e irá revisar as novas provas apresentadas pelos irmãos, que alegam terem sido vítimas de abusos sexuais.
Posicionamento atual das autoridades e familiares
Nathan Hochman afirmou que os irmãos precisam reconhecer todas as mentiras que contaram sobre o crime para que ele apoie sua libertação. Segundo o promotor, Lyle e Erik admitiram apenas quatro das 20 mentiras identificadas. O advogado de defesa, Mark Geragos, contesta essa afirmação, alegando que os irmãos já assumiram todas as inverdades e o foco deveria ser a reabilitação deles.
Próximos passos e expectativas
A audiência de reclassificação de pena está agendada para os dias 20 e 21 de março de 2025. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, solicitou ao conselho de liberdade condicional uma avaliação sobre o risco que os irmãos representariam à sociedade caso fossem libertos.
Enquanto isso, o debate sobre a influência de fatores familiares na criminalidade continua. Pesquisas, como as de David P. Farrington, destacam a importância dos laços familiares na prevenção de comportamentos delinquentes. A teoria do controle social de Travis Hirschi, aliás, também enfatiza que vínculos fortes com a família podem reduzir a propensão ao crime.
O desfecho deste caso poderá estabelecer precedentes sobre como o sistema judicial lida com crimes envolvendo dinâmicas familiares complexas e alegações de abuso. A sociedade aguarda ansiosamente as próximas decisões judiciais e suas implicações para Lyle e Erik Menendez.